O publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), confessou nesta terça-feira, 18, ao juiz federal Sérgio Moro que era “cúmplice de um sistema eleitoral corrupto, negativo”. “Eu assumo toda a minha responsabilidade”, declarou em audiência no processo criminal em que é réu ao lado da mulher, Monica Moura, e do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda).
Ao final de seu interrogatório, Santana fez uma ressalva. Assume sua responsabilidade, “não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente”.
“Eu acho que nossas contradições constroem as nossas armadilhas. E o nosso cérebro ajuda a amenizar essas contradições. Eu, mesmo sendo pessoa organicamente a favor das coisas bem feitas, legais e honestas, criei um escudo em minha cabeça, duplo escudo, um social e externo que era doutrina do senso comum do caixa 2 e outro, interno, que é ‘receba pelo trabalho honesto que estou fazendo’.”
“Construí esse equívoco em mim mesmo, sem perceber que, ao fazer isso, estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo”, seguiu o marqueteiro. “Não estou aqui demagogicamente dizendo que eu não tinha culpa, que só fui vítima disso, não, eu fui agente disso. Quanto mais transparência houver, principalmente de profissionais como eu, do marketing político, isso vai ajudar.”
João Santana enfatizou. “Não que os grandes responsáveis sejam marqueteiros, mas acho que é o momento de os próprios marqueteiros abrirem os olhos sobre isso, e da Justiça também.”
Ele confessou. “Eu assumo toda a minha responsabilidade, não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente.”
E reiterou compromisso que firmou em acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Estou disposto a colaborar e acho que é importante para o Brasil que isso seja feito.”