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Em 2016, ainda na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), o Governo do Distrito Federal foi noticiado para determinar a perda da aposentadoria do delegado. Contudo, o caso não foi levado adiante.
À época, a Procuradoria-Geral do Distrito Federal (PGDF) informou que havia encaminhado ofício à Polícia Civil do DF solicitando que a instituição promovesse a instauração de processo administrativo, “com observância do contraditório e ampla defesa, com vistas à cassação da aposentadoria de Durval Barbosa Rodrigues, sem prejuízo, se for o caso, de processo administrativo disciplinar em razão das faltas eventualmente praticadas pelo servidor”.
A aposentadoria de Durval Barbosa foi concedida em 10 de fevereiro de 2005, quando ele teria de comprovar duas décadas de trabalho em atividade estritamente policial e outros 10 em atividade comum. À época, o Tribunal de Contas (TCDF) verificou que o servidor foi cedido à Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) entre 15 de janeiro de 1999 e 9 de fevereiro de 2005.
De acordo com a Corte de Contas, Durval teria trabalhado em atividade estritamente policial por 13 anos, 10 meses e 8 dias. Os conselheiros tinham determinado que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apurasse se houve fraude na documentação entregue por Durval.
Para o TCDF, Durval apresentou defesa informando que não tem como ratificar as certidões de tempo de serviço apresentadas e que reconhece não preencher o requisito temporal de 20 anos exigidos pela lei.
O ex-delegado da Polícia Civil do DF Durval Barbosa foi o delator do maior esquema de corrupção do DF, a Caixa de Pandora. Ele era o operador dos pedidos de pagamento de propina a empresas de informática e a deputados distritais.
O termo preliminar da colaboração premiada de Durval foi assinada pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, que viria a ser a chefe da Procuradoria-Geral da República entre 2017 e 2019.
Formado em economia e direito, o piauiense Durval Barbosa é delegado aposentado da Polícia Civil do Distrito Federal. Apesar de determinações do TCDF e da Justiça para cassar o provento, conseguiu mantê-lo em função do acordo de delação premiada.
Entre os anos 1990 e 2000, Durval migrou da carreira policial para a política e passou a ter acesso a recursos milionários. Em 1999, foi nomeado presidente da Codeplan, onde permaneceu até 2006. O orçamento médio por ano da estatal era de R$ 500 milhões, boa parte consumida por contratos com empresas de informática.
Na Codeplan, Durval iniciou parte das gravações de políticos e empresários fazendo acordos para o pagamento de propina. Ora para financiamento da campanha do ex-governador José Roberto Arruda, ora para compra de apoio político, embora oficialmente tenha pedido votos, em 2006, para a então candidata do ex-governador Joaquim Roriz ao Palácio do Buriti, Maria de Lourdes Abadia, à época filiada ao PSDB.