Os servidores gravados pela presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), Marli Rodrigues, em suposta tentativa de extorsão, vão responder na Justiça pelos crimes de concussão (exigir vantagem em função do cargo) e lavagem de dinheiro. O caso foi investigado na Operação Delfos, em agosto do ano passado, quando houve buscas e apreensões no anexo e no Palácio do Buriti. Em ação ajuizada ontem, o Ministério Público do DF denunciou os servidores da Secretaria de Planejamento Edvaldo Simplício da Silva e Christian Michael Popov e o ex-ouvidor-geral da vice-governadoria Valdecir Marques de Medeiros por cobrança de propina para facilitar a tramitação de um processo no GDF de interesse do SindSaúde.
Consultoria fictícia
O suborno, supostamente exigido pelos servidores do GDF, era de R$ 214 mil, com uma entrada de R$ 50 mil e o restante distribuído em parcelas. Segundo a denúncia do MP, tudo seria pago por meio de uma consultoria fictícia realizada pela empresa Netsaron Corretora de Seguros Ltda., de propriedade de Beatriz Casagrande Simplício da Silva, também denunciada na ação. Ela é filha de Edvaldo Simplício, servidor de carreira do GDF. O contrato seria a forma de lavar o dinheiro decorrente da corrupção. Na investigação, o MP descobriu, por meio de quebra de sigilo bancário, a relação da empresa com outros integrantes do grupo. Na análise de e-mails dos servidores, os investigadores verificaram cobranças atípicas feitas ao SindSaúde de documentos para que a entidade pudesse receber a verba sindical descontada na folha de pagamentos de servidores filiados ao sindicato. O episódio ocorreu em novembro de 2015.
Representação ao MP
A ação, que tramita na 3ª Vara Criminal de Brasília, é assinada pelos promotores Luis Henrique Ishihara (foto), da 4ª Promotoria de Justiça de Defesa de Saúde (Prosus), e Raquel Tiveron, da 5ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep). O episódio passou a ser investigado investigado depois que a presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, fez a denúncia ao Ministério Público do DF. A Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) também entrou no caso.
Intermediário
A intermediação do negócio teria sido promovida pelo então ouvidor-geral da vice-governadoria, Valdecir Marques de Medeiros, que era funcionário licenciado do SindSaúde. Foi na casa dele, em Águas Claras, que a presidente do sindicato, Marli Rodrigues, gravou uma conversa com o vice-governador Renato Santana, sobre denúncias na área de saúde. O episódio virou tema da CPI da Saúde e azedou as relações do vice com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB).