14/04/2021 às 07h42min - Atualizada em 14/04/2021 às 07h42min

PCDF investiga empresários de SP que receptavam airbags furtados no DF

Na primeira fase da operação, foram presas preventivamente cinco pessoas responsáveis por dezenas de furtos

Mirelle Pinheiro
METRÓPOLES
Policiais da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), com apoio operacional da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), cumprem mandados de buscas e apreensão em São Paulo nesta quarta-feira (14/4). Trata-se de desdobramento da Operação Último Suspiro, que, em outubro do ano passado, desarticulou organização criminosa especializada em furtos de airbags para revenda no mercado paralelo de autopeças no Setor H Norte, em Taguatinga.

​Na primeira fase, a polícia prendeu, preventivamente, cinco pessoas responsáveis por dezenas de furtos. Todas ainda estão detidas e já foram denunciadas por organização criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado e receptação, em processo que tramita na 4ª Vara Criminal de Brasília.

Segundo a polícia, com base nas informações obtidas na primeira etapa da operação, foi possível identificar lojistas de São Paulo que receptavam boa parte dos airbags subtraídos no DF. As buscas têm por objetivo colher novos elementos que levem à responsabilização criminal também desses comerciantes.

 

Informações da Polícia Civil do DF apontam ainda que, antes da deflagração da primeira fase da operação, havia uma crescente taxa de furtos de airbags na capital federal. Eram cerca de três a cinco furtos por semana, alcançando, no total, aproximadamente 150 vítimas.

Confira como foi a segunda fase da Operação Último Suspiro:

im dos furtos
Após a prisão do bando no DF, os crimes cessaram. De acordo com os investigadores, nenhuma ocorrência de furto de airbag foi registrada desde outubro de 2020. Com o avanço das apurações sobre os receptadores em outros estados, os policiais tentam evitar que eles passem a fazer novas encomendas no Distrito Federal.

A Corpatri também pretende localizar airbags furtados no DF para, eventualmente, devolvê-los às vítimas. Um equipamento novo na concessionária custa, com a instalação, até R$ 10 mil; já no mercado ilegal, pode ser comprado por R$ 1,5 mil.

“A PCDF demonstrou grande capacidade operacional, responsabilizando indivíduos localizados em outros estados, mas que estimulam a ocorrência de crimes no nosso território. Com a prisão desse grupo, nós extinguimos essa modalidade de crime no DF, já são cerca de cinco meses sem qualquer registro furto de airbag. Não mediremos esforços para que esses índices se mantenham zerados”, ressaltou o delegado Erick Sallum.

Após a lei do desmanche em SP, houve decréscimo de 30% nas taxas de roubos e furtos de veículos no estado. “Estamos solicitando ao Detran que, depois de sete anos da publicação dessa lei, passe a efetivamente fiscalizar as lojas de revenda de autopeças, em especial aquelas do setor H Norte, em Taguatinga”, completou o delegado.

Treinamento
Conforme noticiado pelo Metrópoles em outubro do ano passado, os investigadores descobriram que os lojistas do setor H Norte, em Taguatinga, alvo da Operação Último Suspiro, deflagrada à época, davam treinamento aos ladrões de airbags. A informação foi confirmada após oitivas com os presos.

De acordo com a PCDF, após ensinar os criminosos a retirar as bolsas de airbags sem acioná-las, os comerciantes passavam a agir como receptadores dos itens furtados pelos seus “alunos”.

Também foi narrado que alguns lojistas que fazem trocas de airbags no Setor H Norte enganam os consumidores. Eles usam leitores que “resetam” as centrais eletrônicas. Assim, muitas vezes, o consumidor acha que teve seu airbag trocado, quando em verdade foi apenas desligado o alerta no painel. Com isso, em caso de eventual acidente, o sistema do airbag pode não funcionar.

O delegado Erick Sallum explica que os sistemas de airbags são de alta complexidade e precisão, tendo seu acionamento em fração de segundos. Qualquer “jeitinho” na substituição poderá acarretar o mau funcionamento e eventual lesão dos motoristas. É absolutamente vedada por lei a comercialização de itens de segurança usados.

“A PCDF orienta a população a não adquirir esses produtos em lojas descredenciadas, sob risco de vida por eventual inoperabilidade durante uma colisão. Aqueles que pagaram por esse serviço ilegal em lojas do Setor H Norte devem procurar verificar a segurança dessa instalação nas respectivas autorizadas”, alertou Sallum.


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