O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF, determinou a abertura de inquérito contra 8 ministros, 3 governadores, 24 senadores e 39 deputados, com base em delações de executivos da Odebrecht.
Desgraçado é o país que tem os seus políticos subjugados à “República da Odebrecht”. Não é nenhuma surpresa ao brasileiro, pois já se sabia que dinheiro ilícito bancava as campanhas milionárias da maioria das principais agremiações partidárias.
É patética a manifestação dos envolvidos na lista de Fachin. Todos se consideram agora inocentes e se valem do mesmo mantra de que as suas eleições e reeleições foram legais e aprovadas pelos tribunais eleitorais.
Só que as eleições e reeleições, em sua maioria, não foram nada legais diante das fontes de recursos empregadas nas campanhas e desmascaradas pelos executivos e próprios donos da ODEBRECHT, que confessaram e provaram que a empreiteira mantinha um departamento de propina, constituído de dinheiro ilícito, exclusivamente para pagar as trocas de favores recíprocas entre a empreiteira, políticos e governos, há muito tempo.
Ora, é uma vergonha a existência do poder paralelo da “República da Odebrecht”. A empreiteira, com um propinoduto poderoso, comprou a cúpula do governo, a cúpula do Senado, a cúpula da Câmara e a cúpula dos principais estados, mantendo sob o seu controle o poder de estabelecer as mais espúrias negociações.
O caixa clandestino da Odebrecht desembolsou pelo menos meio bilhão de reais e até prefeitos e vereadores de pequenos municípios foram corrompidos. Não importava a filiação partidária dos destinatários. Consta que, conforme publicado na revista Veja, (1) com ajuda de partidos, a Odebrecht enterrou duas CPIs da Petrobras e garantiu a inclusão de suas demandas em medidas provisórias; (2) o delator Márcio Faria, um dos principais executivos da Odebrecht, narrou uma reunião, em 2010, no escritório politico de Temer em São Paulo, no qual ele próprio “abençoou” uma negociação que resultou no pagamento de 40 milhões de dólares em propina; (3) Lula e PT embolsaram 64 milhões de reais líquidos de propina, decorrentes da aprovação de uma linha de crédito do BNDES de 1 bilhão de dólares para projetos da empreiteira em Angola; (4) os executivos da Odebrecht contaram que Dilma sabia exatamente do esquema de corrupção na Petrobras, inclusive que o dinheiro sujo foi usado para financiar suas campanhas eleitorais; (5) “no que tange à questão de caixa dois, tanto Lula como Dilma tinham conhecimento (...) da dimensão do nosso apoio no longo dos anos”, disse Marcelo Odebrecht.
E agora, senhores políticos, investigados por corrupção, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica etc., qual é a moral das excelências para continuar interferindo nas decisões do país?
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC