26/07/2021 às 08h30min - Atualizada em 26/07/2021 às 08h30min

Ciro Nogueira quer assumir a Casa Civil em grande estilo

O Centrão nunca foge ao dever de tentar salvar governos em apuros

Tão logo desembarcou, ontem, no Brasil, de volta de férias no México interrompidas pelo convite do presidente Jair Bolsonaro para que assuma a chefia da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disparou telefonemas a amigos e aliados dando conta do que pretende fazer. Estava com todo o gás.
 
 
Sua preocupação inicial é com a solenidade de posse que deverá acontecer ainda esta semana depois de encontrar-se, possivelmente hoje, com o presidente. Nogueira não quer que seja uma posse qualquer, dessas limitadas ao novo ministro que chega e a funcionários do Palácio do Planalto mobilizados às pressas.
 
Se depender apenas dos seus esforços, será uma posse ostentação, com a presença do maior número possível de pessoas que ele tratará de arrebanhar, e seguida no mesmo dia por uma dezena ou mais de jantares em Brasília. Ele fará questão de comparecer a todos na impossibilidade de um só abrigar tanta gente.
 
Não faltará plateia para o novo inquilino do quarto andar mais ambicionado da República, um acima daquele onde despacha o presidente. O olfato de Brasília é suficientemente apurado para identificar quem deve ser prestigiado ou não. Quando quer, o chefe da Casa Civil só manda menos do que o presidente.
 
E Nogueira quer mandar. E seus colegas do Centrão esperam que mande muito para que possam também se beneficiar disso. O clima lhe é plenamente favorável. Um dos colegas, ouvido por este blog, resumiu assim o que se espera de Nogueira: “É preciso pôr o urso na jaula, e essa será a principal missão do ministro”.
 
 
O urso, no caso, seria Bolsonaro, que como candidato a presidente disse que o Centrão era “a nata” do que havia de pior no Brasil, e que agora diz que sempre foi Centrão e que dele nasceu. No encontro com Bolsonaro, se necessário, Nogueira reafirmará o que já lhe disse antes por telefone à beira-mar plantado no México.
 
“Não dá mais para ficarem esses generais falando de política”, comentou Nogueira. Bolsonaro respondeu: “Na sua volta, conversaremos a respeito”. A reclamação tinha como alvo os generais Braga Netto, ministro da Defesa, e Luiz Eduardo Ramos, “atropelado por um trem” ao saber que perdera a Casa Civil.
 
 
Ramos será transferido para a Secretaria do Governo, que era do deputado Onyx Lorenzoni, que por sua vez irá para o Ministério do Trabalho e Previdência, que havia sido extinto. O ministério fora reduzido a uma secretaria para reforçar o poder de Paulo Guedes, ministro da Economia. O “efeito Nogueira” não fará bem a Guedes.
 
O Centrão já tem um nome para substituir Guedes se ele cair fora: Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, a presença mais assídua nas lives de Bolsonaro. Guimarães é tido pelo Centrão como “um bom palanqueiro”, afinado com a ideia de que vale gastar mais para evitar uma derrota ano que vem.
 
 
Bolsonaro considera-se um estrategista de mão cheia. Enquanto os outros jogam damas, ele joga xadrez. Rendeu-se ao Centrão “para salvar o governo”, como afirmou a assessores. Uma vez chamado a prestar serviços ao país, o Centrão nunca se nega. Só não lhe dê motivo para ir embora, porque ele irá
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