26/04/2017 às 05h08min - Atualizada em 26/04/2017 às 05h08min

Em declaração do IR, distrital Bispo Renato diz que patrimônio caiu 80%

Soma dos bens dele passou de R$ 740,37 mil em 2015 para R$ 154,74 mil no ano seguinte. Parlamentar afirma que contador entregou declaração sem ele saber.

G 1

O deputado distrital Bispo Renato Andrade (PR) declarou ter tido uma queda de 80% no valor do patrimônio entre 2015 e 2016. Segundo a declaração de imposto de renda dele, divulgada nesta terça-feira (25) no Diário da Câmara Legislativa, os bens dele somavam R$ 740,37 mil em 2015. No ano seguinte, o montante caiu para R$ 154,74 mil.

Consultado pelo G1, o presidente do Conselho Regional de Contabilidade, Adriano Marrocos, avaliou a evolução do patrimônio do deputado – que recebe R$ 25,2 mil por mês. Segundo o especialista, o tamanho da redução de bens é suspeito.

“Para quem tinha todo esse dinheiro, ele tem que dizer para onde ele foi, até porque o deputado se mantém no mesmo cargo e mantém a mesma renda”, declarou Marrocos.

“O que acontece é que teve um gasto muito elevado com coisas que ele não soube declarar, zerou contas. Por exemplo, não há nenhum gasto com escola do filho ou plano de saúde. Se ele doou o dinheiro para alguém, deveria ter pago o imposto e isso deveria ter sido declarado, o que não aconteceu”, continuou o consultor.

Procurado, o deputado não quis se manifestar. Por meio da assessoria de imprensa, disse que o contador dele entregou a declaração do imposto de renda sem seu conhecimento. Ainda de acordo com a equipe do parlamentar, ele não estava em Brasília no fim de semana e vai buscar se inteirar sobre o porquê de a declaração ter sido divulgada assim.

Segundo a declaração de imposto de renda dele, não há nenhum investimento em ações na bolsa de valores – que justificam grandes ganhos e perdas de dinheiro. No entanto, o documento mostra que contas e outras aplicações do deputado foram “zeradas”.

Uma conta do Banco do Brasil, por exemplo, passou de R$ 26 mil para R$ 0 entre um ano e outro. Um investimento no Itaú onde estavam aplicados R$ 9.586 em 2015 “sumiu” ao fim de 2016.

 

O deputado é um dos cinco distritais réus por corrupção passiva na Operação Drácon, que apura se políticos receberam propina em troca de liberação de emendas nas áreas da saúde e da educação. Pela legislação, uma das medidas cautelares (de urgência) que podem ser autorizadas pela Justiça é o bloqueio de bens do acusado.

De acordo com o especialista em imposto de renda Adriano Marrocos, o deputado vai precisar justificar a mudança no patrimônio. “Ele é uma autoridade que tem que prestar conta, e está respondendo a um processo. Então a suspeita de ele poder ‘zerar’ as contas para evitar um possível bloqueio de bens procede.”


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