09/08/2021 às 08h06min - Atualizada em 09/08/2021 às 08h06min

Retorno dos servidores do GDF ao trabalho presencial anima setor produtivo

Comércio varejista projeta crescimento de cerca de 40% até o fim do ano. Sindvarejista acredita que o retorno será benéfico para todo o setor produtivo da capital

O retorno do trabalho presencial dos servidores públicos do governo do Distrito Federal (GDF), que estavam em home office, animou os comerciantes de Brasília. Com as atividades presenciais, o setor projeta um crescimento de aproximadamente 40% nas vendas até o fim do ano. As expectativas seguem positivas até o Natal, em que segundo o Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), espera-se crescimento de 9%, contra um percentual negativo de 2% no ano passado. De acordo com o Portal de Transparência do DF, a capital possui cerca de 178 mil servidores.
 
 
O decreto autorizando o retorno presencial foi publicado em 1º de julho, com a ressalva de que gestantes e servidores com hipersensibilidade ou reação anafilática às vacinas devem ficar em casa. Para os trabalhadores com mais de 60 anos ou comorbidades, o retorno ao regime presencial acontecerá após 15 dias da conclusão de receber a vacina. No entanto, o GDF não projetam o número exato nem a data exata em que ocorrerá o retorno da maior parte dos servidores.
 
Em nota, a Secretaria de Economia explicou que “não possui o balanço geral de quantos servidores retornaram e quantos pediram para ficar em home office”. “Os dados só serão consolidados futuramente, para fins de encerramento de exercício. O retorno, conforme os termos do decreto, está sendo feito cumprindo protocolos e medidas de segurança recomendadas por autoridades sanitárias”, explica a pasta.
 
Edson de Castro, presidente do Sindivarejista, acredita que a volta é benéfico a todo o setor produtivo. “Isso significa mais consumo, porque a pessoa terá que comprar uma camisa, uma meia, e diversos outros materiais para seu local de trabalho. Nos principais shoppings temos uma infinidade de escritórios, por exemplo, mas com as medidas restritivas, eles deixaram de ser frequentados. Até o fim do mês, pelo menos, teremos um aumento de 4% na venda do varejo”, avalia.
 
Ludmila Bonfim, proprietária do estúdio Beauty & Academy, na 202 Norte, conta que sentiu um aumento de público no local. “Em julho, tivemos um movimento bem maior do que nos meses anteriores. O comércio aqui na rua também está mais movimentado, então estamos com boas expectativas”, relata. Além dos serviços de beleza, Ludmila também ingressou na disponibilização de cursos. “Foi uma alternativa para manter o rendimento e tive muitas alunas que queriam o curso de sobrancelha, por exemplo, para mudar de área. Porque a pandemia mudou o setor em que trabalhava e elas queriam se reinventar. Além disso, tive que trabalhar ainda mais no engajamento da marca no Instagram”, narra.
 
 
A pandemia também exigiu de Rodrigo Melo, chef e um dos donos do restaurante Cantucci, na 413 Norte, inovações inclusive no cardápio. “Antes a gente trabalhava apenas com a venda no salão. Com a pandemia, adotamos o delivery. Mas tivemos que nos esforçar para entender como funcionava a margem de custos porque tudo mudou. Nos primeiros meses, chegamos a vender apenas 33% do que vendíamos, mas aos poucos fomos ganhando espaço. No nosso melhor mês, conseguimos arrecadar 80% com o aplicativo do que vendíamos no salão, mas claro, com uma margem mais apertada”, conta.
 
A adequação, contudo, não foi simples. “Tivemos que mudar o cardápio porque nem todo prato servido aqui ficava bom para o delivery. Inclusive, com a volta do presencial tivemos que enquadrar um novo item ao nosso menu devido ao sucesso que ele fez no delivery”, pontua.
 
Desafios
 
Os desafios da entrega também são citados por Antonio Carvalho, sócio-proprietário do restaurante Gran Bier. “Tivemos que adotar o delivery e ampliá-lo. Procuramos melhores embalagens e profissionalizamos mais esse serviço para entregar uma qualidade maior. No entanto, é um desafio, porque ir a um restaurante é uma experiência, e não é a mesma coisa a pessoa sair para almoçar fora com pedir uma comida em casa. Perde muita qualidade”, esclarece.
 
 
Antonio projeta boas expectativas com a retomada dos servidores públicos. “Esperamos algo entre 40 e 50% a longo prazo. A curto prazo, nos próximos meses, deve ficar entre 20% e 30%. Mas já começamos a notar um aumento dos clientes nas últimas semanas. Tem sido gradativo, mas está acontecendo. E os restaurantes são muito influenciados pelo cenário político de Brasília, porque muitas pessoas que trabalham nesses órgãos almoçam fora ou vêm para cá em almoços de negócios”, exemplifica.
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