23/09/2021 às 06h38min - Atualizada em 23/09/2021 às 06h38min

PCDF desarticula quadrilha que aplicava golpe em idosos de todo o país

As investigações começaram em julho, após um idoso, de 77 anos, morador do Lago Sul, ter um prejuízo de R$ 70 mil

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpre, nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (22/9), 10 mandados de busca e apreensão e três de prisão preventiva contra uma associação criminosa especializada em aplicar o "golpe do motoboy" na capital e em vários estados do país. As investigações, conduzidas pela 10ª Delegacia de Polícia, começaram em julho, após um idoso, de 77 anos, morador do Lago Sul, ter um prejuízo de R$ 70 mil. A ação conta com o apoio de policiais civis do Grupo Especial de Reação (GER) de São Paulo.
 
Os policiais tomaram conhecimento da atuação da quadrilha, comandada por dois homens, de 37 e 28 anos, e uma mulher, de 20 anos, residentes de São Paulo, depois de um idoso do Lago Sul registrar boletim de ocorrência na 10ª DP. No decorrer da apuração, as investigações revelaram que o grupo tinha caráter "itinerante e interestadual", ou seja, atuavam em vários estados do Brasil, inclusive no DF. Para os investigadores, essa seria uma forma de dificultar a atuação da Polícia Judiciária.
 
Para aplicar o golpe, os criminosos escolhiam, na maioria das vezes, pessoas idosas, e usavam da manipulação psicológica das vítimas para colher as informações confidenciais, como senhas e números de cartões.
 
A Polícia Civil do DF divulgou as fotos dos criminosos integrantes da quadrilha. Daniel Soares Sampaio, Elvis Viana Ribeiro e Jaqueline de Moura Felix são procurados da polícia. A PCDF pede para que, caso alguém tenha informações do paradeiro dos golpistas, ligue para o 197.
 
Como funcionava?
Os criminosos agiam da seguinte maneira: se passando por funcionários da central de segurança de instituições bancárias, eles ligavam para as vítimas e solicitavam a confirmação de uma compra suspeita efetuada no cartão de crédito, mas que na verdade nunca existiu. Em resposta, o cliente afirma desconhecer o gasto, mas o grupo insiste em dizer que o cartão foi clonado e orienta que a pessoa entre em contato com a operadora do cartão para que seja feito o bloqueio imediato.
 
Acreditando estar com o cartão clonado, o cliente disca o 0800 da central de atendimento da operadora, mas mal sabe que quem está na linha são os próprios golpistas. "A vítima é orientada a fornecer a senha do seu cartão para fins de bloqueio, e informada que um funcionário do banco irá até sua casa para coletar o cartão para fins de perícia", detalhou o delegado-adjunto da 10ª DP, Renato Alvarenga Fayão.
 
Em continuidade ao golpe, o suposto funcionário vai até a casa da vítima, geralmente um motoboy, pega o cartão de crédito e, a partir daí, com o cartão e senha em mãos, começam a fazer transações financeiras, geralmente, utilizando maquinetas de cartão, cadastradas no CNPJ de empresas de fachada, ou no CPF de laranjas ou dos chamados auxiliares financeiros, dificultando, assim, a identificação dos autores.
 
No caso específico do idoso morador do Lago Sul, os criminosos também levaram o celular dele. "O aparelho foi levado a pretexto de ter que passar por um procedimento no banco. Esse é um novo padrão desses criminoso, porque com os celulares e senhas, podem usar o aplicativo bancário da vítima, causando maior prejuízo”, afirmou o delegado Tiago Carvalho, da 10ª DP, que também participou da operação.
 

Golpe em alta
 
Levantamento feito pela Divisão de Análise Técnica e Estatística (Date/DGI) mostrou que, entre janeiro e março deste ano, aumentou em 46% o número de registros criminais vinculados ao "golpe do motoboy". "Esse é um tipo de crime que vem atingindo um número elevado de vítimas e que a PCDF vem reiteradamente combatendo essas células criminosas", pontuou o delegado Tiago Carvalho.
 
O golpe segue um tipo de esquema. Na primeira etapa, os criminosos se subdividem, ao menos, em três núcleos. São eles: núcleo da engenharia social, que é composto por indivíduos que atuam na operação das falsas centrais de atendimento, obtendo das vítimas as senhas alfanuméricas e as induzindo a entregar o cartão de crédito a um falso mensageiro do banco; núcleo operacional, que é integrado pelos responsáveis pela coleta dos cartões das vítimas e realização das transações bancárias em maquinetas de cartão em nome de “laranjas” ou auxiliares financeiros e empresas de fachada, visando dissimular a origem dos recurso ilícitos; e, por último, o núcleo financeiro, em que criminosos emprestam as contas bancárias ou o nome para abertura de empresas de fachada, em troca de um percentual dos valores depositados nas contas.
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