24/09/2021 às 07h00min - Atualizada em 24/09/2021 às 07h00min

“Alívio”, diz irmã da vítima após condenação do 1º feminicídio cometido por mulher

Dois anos após crime brutal, sentença ainda deixa família indignada. Tatiana Luz foi morta queimada pela companheira

Dois anos após um crime brutal, a sentença de Wanessa Pereira de Souza, condenada a 18 anos e quatro meses de prisão pelo assassinato de Tatiana Luz da Costa Faria, companheira dela, não deixou a família satisfeita.
 
O feminicídio ainda deixa marcas indeléveis entre os parentes da vítima. “Foi um alívio a condenação com todos os agravantes, mas achei a pena pequena”, diz a irmã de Tatiana em entrevista exclusiva ao Metrópoles. “Ela é réu primária. Com um sexto, ela pode pedir progressão de pena”, lamenta.
 
A sentença do primeiro caso de feminicídio cometido por uma mulher no Brasil foi deliberada no fim da noite de quinta-feira (23/9), no Distrito Federal.
 
Wanessa Pereira de Souza, atualmente com 36 anos, foi condenada pelo Tribunal do Júri de Santa Maria. O crime ocorreu há dois anos, em 23 de setembro de 2019. A administradora teve 90% do corpo queimado após Wanessa colocar fogo no apartamento onde elas moravam. Ela foi condenada pelos crimes de feminicídio por motivo torpe e maneira cruel.
 
A família da vítima conta que, à época do crime, Tatiana estava decidida a se separar e já havia alugado um imóvel para sair de casa. Wanessa não aceitou o fim do relacionamento.
 
 
O crime
Tatiana morreu em 30 de setembro de 2019. Ela chegou a ficar internada sete dias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), mas sofreu sete paradas cardíacas e não resistiu.
 
Wanessa também teve parte do corpo queimado, cerca de 30%. Apesar de ter contado inicialmente que tinha sido um acidente, no hospital a assassina gritava: “Eu vou ser presa”. Ela disse que levou um galão de uma substância inflamável para lavar o carro, o cachorro teria derrubado o produto e o cigarro que ela fumava ateou fogo nas duas. A polícia desconfiou da versão e, depois de ver as mensagens com ameaças reais, resolveu prendê-la em flagrante.
 
Mensagens de texto trocadas entre o casal e anexadas no processo mostram que Wanessa e Tatiana vinham se desentendendo e que a vítima foi ameaçada. “Véi, não me faz raiva não, que eu quebro mesmo. Vou acabar com você”, escreveu Wanessa. Tatiana rebateu. “Faz, pode vir”, respondeu.
 
O processo
Wanessa foi denunciada em novembro de 2020 pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e acusada de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de fogo e feminicídio por razões da condição do sexo feminino da vítima, em contexto de violência doméstica e da relação íntima de afeto existente entre elas.
 
 
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