15/10/2021 às 07h48min - Atualizada em 15/10/2021 às 07h48min
Pressão do Centrão levou Guedes a trocar chefia de órgão que regula seguros
Nos bastidores, auxiliares do ministro dizem que pressão teria partido principalmente do presidente da Câmara, Arthur Lira; o deputado nega
Embora a justificativa oficial tenha sido outra, a pressão de líderes do Centrão foi o real motivo que levou o ministro da Economia, Paulo Guedes, a anunciar a troca no comando da Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão que regula o setor no Brasil.
Nos bastidores, auxiliares do chefe da equipe econômica afirmam que a pressão teria partido principalmente do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), considerado o principal líder do Centrão. O deputado alagoano, porém, nega.
Guedes anunciou a saída de Solange Vieira da chefia da Susep na sexta-feira (8/10). O anúncio ocorreu dois dias após a Câmara aprovar, por 310 votos a 142, a convocação do ministro para explicar em plenário uma offshore que possui em um paraíso fiscal.
Segundo auxiliares do chefe da equipe econômica, o Centrão já pressionava Guedes há meses para abocanhar o comando da Susep. O anúncio da mudança, contudo, teria sido “antecipado” após o ministro ser convocado pelos deputados.
Até a noite dessa quinta-feira (14/10), Lira ainda não havia comunicado a data do depoimento do ministro no plenário da Câmara. Guedes passou a semana em reuniões oficiais nos Estados Unidos e retornará ao Brasil nesta sexta-feira (15/10).
Nome de confiança
O pedido para mudança no comando da Susep não tem a ver com uma indisposição do Centrão com Solange, considerada da cota pessoal de Guedes. O grupo quer mesmo é emplacar um nome de sua confiança no órgão, que regula seguros privados no Brasil.
A Susep cuida, por exemplo, da regulamentação do DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre). Até 2020, o seguro era gerido por um consórcio de empresas, algumas ligadas a parlamentares.
Embora Guedes já tenha anunciado a saída de Solange Vieira da chefia da Susep, a exoneração da economista ainda não foi publicada no Diário Oficial da União. O nome do substituto também ainda não foi revelado pelo Ministério da Economia.
Oficialmente, a pasta disse que Solange deixará o órgão, pois foi “escalada” por Guedes para implementar “programas estratégicos da agenda econômica” que serão executados pelo BNDES, do qual ela é servidora de carreira. Os detalhes dos programas não foram divulgados.