O Tribunal do Júri de Taguatinga condenou, nesta quinta-feira (14/10), Diego Nunes Freitas, 40 anos, a 26 anos de prisão pelo feminicídio de Rosileia Pereira Freitas, 36 anos. O crime ocorreu no Carnaval deste ano, quando o homem desferiu mais de 30 facadas contra a vítima.
Conforme disse o juiz na sentença, a atitude do autor é reprovável “revelando imenso desvalor pela vida humana”. Além de feminicídio, a qualificadora de utilizar meio que dificultou defesa da vítima também foi acolhida.
O regime inicial é fechado e Diego não poderá recorrer em liberdade.
Relembre o caso
Em vídeo gravado momentos após o assassinato, Diego confessou ter matado a mulher porque “estava tomado pelo ódio”. Ele não aceitava a separação e cometeu o crime em frente à mãe de Rosileia, que tentou proteger a filha.
Na gravação, feita por testemunhas do crime, Diego Freitas diz ter visto a ex-companheira passar em frente à casa dele. “Fui tomado pelo ódio. Sou religioso. Não queria fazer esse tipo de coisa. Fui tomado pelo ódio de ser abandonado”, afirmou. O homem relatou, ainda, que já havia sido denunciado por agressão contra mulher. Na ocasião, a vítima teria sido a própria filha.
No vídeo, o homem também detalha que, ao ver Rosileia, pegou uma faca dentro de casa e seguiu atrás dela. “Saí correndo com a faca dentro do bolso. Falei com ela e a esfaqueei”, assumiu.
Em depoimento prestado a policiais da 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro), a mãe de Rosileia, Maria Helena Pereira Freitas, detalhou que, por volta das 16h, chegou de Formosa (GO), com a filha. Ela estava na calçada perto de casa quando Diego viu as duas. Segundo Maria Helena, nesse momento, o ex-genro correu na direção da ex-mulher e desferiu diversas facadas no pescoço e nas costas dela.
A mãe gritou para o acusado não fazer aquilo, mas ele só parou porque um morador da região bateu nele com uma barra de ferro. Segundo Maria Helena, a filha foi casada com Diego por 20 anos e, dessa relação, nasceram duas crianças.
Os gritos de Rosileia chamaram a atenção dos vizinhos. Uma moradora detalhou que estava deitada no quarto quando ouviu a movimentação. Inicialmente, achou que era uma criança. Porém, como os berros não cessaram, saiu para ver o que estava acontecendo.
A mulher narrou que viu Maria Helena batendo no homem com uma sombrinha, enquanto ele esfaqueava a moça caída ao chão. Detalhou que a vítima não tinha movimento algum e, mesmo com a mãe de Rosileia implorando, ele não parava.
Ainda segundo a testemunha, o agressor ficou em cima da vítima dizendo: “Você acabou com a minha vida”. Como a mãe não parava de bater no ex-genro, ele se levantou e foi para cima dela. Para não ser atingida, Maria Helena ficou dando voltas ao redor do corpo. A testemunha contou que se trancou em casa e ligou para a polícia.
Uma vizinha também confirmou que escutou muito barulho por volta das 16h30. Chegou a pensar que se tratava de uma festa, mas, quando olhou pelo portão, enxergou uma pessoa batendo em outra. Nesse momento, ela saiu de casa e se deparou com o rapaz esfaqueando a moça caída ao chão. Afirmou aos policiais que os golpes foram no pescoço e detalhou que viu a vítima agonizando.
Segundo a mulher, o criminoso chegou a parar um pouco para “pegar um fôlego” e, depois, seguiu desferindo as facadas. Diante da situação, uma moradora chegou a ameaçar Diego com um pedaço de madeira.
Outro morador explicou que estava em casa quando, por volta das 16h30, “escutou uma gritaria na rua”. Ao abrir o portão, deparou-se com um rapaz por cima de uma mulher. Contou que ele a atacava com diversas facadas na altura do pescoço. A testemunha narrou que voltou para dentro de casa, pegou um ferro e foi para cima do homem.
Disse que, quando chegou perto do feminicida, Diego soltou a faca e falou: “Já matei”. O criminoso, ainda de acordo com o relato, acendeu um cigarro e ficou conversando com o morador até a chegada da Polícia Militar.
O crime ficou registrado por câmeras de segurança.