A Secretaria de Saúde do Distrito Federal disponibilizou mais 176 vagas para pacientes portadores de doença renal crônica que tenham interesse em ingressar no Programa de Diálise Peritoneal oferecido pela pasta. Assim, das 74 ofertadas anteriormente, o serviço foi ampliado para 250, um aumento de aproximadamente 238%. A ação foi possível a partir de contrato assinado, neste mês, entre a pasta e a empresa Baxter Hospitalar para o fornecimento de materiais e insumos.
A diálise peritoneal é um dos tipos de tratamento ofertado no sistema público de saúde para as pessoas que tenham falência da função renal. Ela é voltada para pacientes que ainda não iniciaram tratamento dialítico e, também, àqueles que façam hemodiálise, mas desejam mudar de modalidade terapêutica.
O empresário Paulo Humberto de Oliveira, de 51 anos, fazia hemodiálise no Hospital de Base há cinco meses até conhecer a diálise por meio da equipe médica da unidade. "Antes da diálise, parei minha vida para me dedicar apenas à saúde, pois ia ao hospital três vezes na semana e ficava lá por quatro horas", relembra. Ele conta que o novo tratamento possibilitou a volta ao trabalho e viagens com a família.
"Faz oito meses que ganhei qualidade de vida, porque a diálise é uma terapia mais humanizada por oferecer ao paciente controle dos seus horários, mais mobilidade e, o principal, poder voltar ao mercado de trabalho", destaca Paulo.Ele também relata que a alimentação melhorou por conta do tratamento manter por mais tempo o que resta da sua função renal e permitir uma ingestão maior de líquidos do que é permitido na hemodiálise.
COMO FUNCIONA – Segundo a coordenadora de Nefrologia da Secretaria de Saúde, Maíra Polcheira, esse método proporciona mais qualidade de vida às pessoas que o utilizam. "Ele pode ser realizado diariamente em casa enquanto o paciente dorme. Neste caso, o sangue é limpo por meio de um filtro natural chamado peritônio, uma membrana que reveste os principais órgãos abdominais", esclarece a gestora.
Maíra explica que o procedimento de filtragem do sangue ocorre por um cateter que fica acoplado ao abdômen do paciente enquanto ele fizer parte do programa. Trata-se de um tubo fino e pequeno que é passado cirurgicamente pela parede abdominal até a cavidade peritoneal. "Até 14 dias após a passagem do cateter, a terapia pode ser iniciada. O paciente é conectado à máquina por meio do tubo onde passará a solução de diálise, de forma a realizar a troca das substâncias tóxicas presentes no sangue para este líquido."
Diferentemente da diálise, a hemodiálise, modelo tradicional, é feita em uma clínica ou hospital em que o paciente comparece, geralmente, três vezes por semana e permanece na unidade por cerca de quatro horas em cada visita. Nesse tratamento, o sangue é purificado a partir do dialisador, um filtro conectado à máquina de hemodiálise.
Atualmente, 1,3 mil pessoas fazem hemodiálise na rede e, destas, cerca de 80 têm interesse em migrar para a diálise peritoneal. Essa mudança resultará na maior oferta do método tradicional aos pacientes da rede pública.
BENEFÍCIOS – Na diálise, a pessoa apresenta os melhores resultados nos dois primeiros anos de tratamento e permanece com uma função renal residual (porcentagem que os rins ainda conseguem trabalhar) por mais tempo que o paciente que faz hemodiálise. Isso permite mais liberdade na dieta alimentar e menos alterações em relação à doença renal. Em comparação com o método tradicional, na diálise o usuário pode viajar e realizar o procedimento no local de destino.
A coordenadora acrescenta que devido à terapia ser feita todos os dias durante um período mais longo, o paciente apresenta menos picos de pressão e volume corporal e, como consequência, sente-se menos debilitado."Além disso, é uma ótima opção para regiões do interior que não possuem clínicas de hemodiálise próximas às residências dos usuários, pois ao invés de se deslocar grandes distâncias três vezes na semana, a pessoa faz o tratamento em casa e se consulta cerca de uma vez por mês com a equipe médica", destaca Maíra.
REQUISITOS – Para fazer parte do Programa de Diálise Peritoneal, os interessados devem, inicialmente, recorrer a uma equipe médica dessa especialidade para relatar o desejo de realizar essa modalidade. Nesse momento, os profissionais também verificam se o paciente apresenta contraindicações físicas, como hérnia abdominal não corrigível, ou sociais, como residência com condições de higiene inadequadas.