O ministro da Economia, Paulo Guedes, pode ter lucrado R$ 2 milhões com a valorização do dólar nos últimos três dias, em meio à reação do mercado financeiro ao provável descumprimento do teto de gastos pelo governo Bolsonaro. No início do mês, o Pandora Papers, colaboração jornalística coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e da qual o Metrópoles faz parte, revelou que Guedes mantém uma empresa offshore num paraíso fiscal, as Ilhas Virgens Britânicas.
A offshore de Guedes tinha US$ 9,55 milhões em 24 de setembro de 2014. Na última segunda-feira (18/10), com o dólar cotado em R$ 5,46, o montante equivalia a R$ 52,1 milhões. Nesta quinta-feira (21/10), o dólar fechou em R$ 5,66, passando os recursos de Guedes para R$ 54 milhões.
Nesse intervalo de três dias, a alta de 20 centavos do dólar foi uma reação a medidas do governo Bolsonaro, que pretende furar o teto de gastos para fundar um novo programa social. O Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, seria lançado nesta terça-feira (19/10) no Planalto, mas a cerimônia foi cancelada apenas meia hora antes. A equipe econômica tentava defender uma política fiscal que controle o crescimento de gastos, ao passo que o Planalto busca abrir os cofres e está de olho na campanha de 2022.
Nesta quinta-feira (21/10), o time de Guedes teve baixas importantes. Entre os que pediram demissão, estão o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.