11/11/2021 às 06h21min - Atualizada em 11/11/2021 às 06h21min

Aluno da UnB faz gesto de supremacia branca e é denunciado por colegas

Símbolo de "ok" tem sido utilizado ao redor do mundo com o significado de "White Power", que significa "Poder Branco" em inglês

Uma confraternização entre alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), no último sábado (6/11), causou polêmica nas redes sociais após um dos estudantes aparecer em uma foto do grupo fazendo um gesto de “ok” com a mão. Esse sinal tem sido utilizado por supremacistas brancos em todo o mundo e ganhou destaque no Brasil após um assessor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) utilizá-lo durante sessão no Senado, em março.
 
O encontro ocorreu em um bar da Asa Sul para comemorar o fim do semestre letivo. Ao fim das conversas, todos os que estiveram no local se reuniram e tiraram algumas fotos.
 
Em uma delas aparece o aluno (denunciado) fazendo o símbolo, que pode ter várias conotações. Em alguns países, é usado para sinalizar “ok”, mas, no Brasil, pode indicar uma obscenidade. Recentemente, passou a ser usado pelos supremacistas brancos nos Estados Unidos como uma “tática popular de trolagem”.
 
O “w” formado com os três dedos significa “white” e os outros dois dedos formam a letra “p”, que significaria “power”. “White Power” é uma expressão racista que significa “Poder Branco”.
Universidade de Brasília
 
O registro causou reações em diversos grupos de alunos. Uma estudante que viu a imagem informou à reportagem que levou o caso ao Ministério Público do DF e Territórios. “Tive a iniciativa de fazer a denúncia, pois é muito comum as pessoas se indignarem, mas não fazerem algo. É naturalizado”, disse. Procurado, o MPDFT confirmou o recebimento da denúncia e informou que o “caso está em tramitação interna e logo em seguida será distribuído para a unidade com atribuição para apuração dos fatos”.
 
A repercussão chegou até o Centro Acadêmico de Direito (CADir), que escreveu uma extensa nota de repúdio. Além de contextualizar a utilização desse símbolo, a publicação diz “que já está tomando medidas jurídicas cabíveis diante do episódio relatado e, mais uma vez, reafirma o compromisso político e democrático contra todas as formas de violência simbólica”.
 
O que diz o estudante
 
Em conversa com a reportagem, o aluno informou que tudo não passou de um mal-entendido. Segundo ele, o grupo chegou a conversar sobre o assunto durante a noite e ele fez o gesto como uma sátira. “Estava, na verdade, criticando o ato. Na hora da foto, não pensei na repercussão, mas acabou caindo nas redes sociais sem o contexto”, explica.
 
O aluno informou ainda que se dispôs a conversar com o CADir para elucidar a situação.
 
A Faculdade de Direito e a Reitoria da UnB, informaram  que repudiam “todo e qualquer ato de racismo, violência ou intolerância”.
 
Segundo a nota enviada pela assessoria de imprensa da UnB, a instituição tem “postura de respeito ao direito à diversidade e à liberdade de expressão nos quatro campi da Universidade, dentro das prerrogativas legais” e informou que “quando se trata de ações que extrapolam a alçada administrativa da UnB, os órgãos competentes devem ser acionados”.


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