06/05/2017 às 07h49min - Atualizada em 06/05/2017 às 07h49min

Duque diz que Lula escolheu Vaccari para receber recursos ligados a contratos da Petrobras

"Eu fui chamado a Brasília e essa pessoa [Paulo Bernardo] falou assim: 'Olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo (faz o gesto de coçar a barba)...'. Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido como chefe, grande chefe, "Nine" ou esse movimento com a mão", disse Duque.

Justiça Federal do Paraná
 
 

O ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse nesta sexta (5), em depoimento ao juiz Sergio Moro no âmbito da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, como a pessoa que receberia contribuições de empresas para o PT vinculadas a contratos com a estatal. Segundo ele, a informação foi transmitida a ele em 2007, ano em que conheceu Vaccari, pelo então ministro do Planejamento de Lula, Paulo Bernardo.

 

"Eu fui chamado a Brasília e essa pessoa [Paulo Bernardo] falou assim: 'Olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo (faz o gesto de coçar a barba)...'. Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido como chefe, grande chefe, "Nine" ou esse movimento com a mão", disse Duque.

 

O ex-executivo da Petrobras disse então ter ouvido que Vaccari seria "quem vai atuar junto às empresas que trabalham com a Petrobras." Depois, Duque disse que a pessoa que fez a descrição de Lula era Paulo Bernardo.

 

A defesa do ex-presidente Lula vem negando que o presidente tenha cometido qualquer irregularidade ligada ao esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

 

O ex-diretor da estatal disse também que todos do PT sabiam das contribuições partidárias vinculadas a grandes contratos da Petrobras com empresas. "Todos sabiam. Todos do partido, desde o presidente do partido, o tesoureiro, secretário, deputados, senadores, todos sabiam que isso ocorria."

 

Duque confirmou que sua indicação à diretoria da Petrobras foi feita a pedido do PT, assim como a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento --condenado e um dos primeiros delatores na Lava Jato-- foi feita por indicação do PP. Duque admitiu ter recebido propina e disse estar arrependido de ter cometido ilegalidades e de ter permitido que elas ocorressem.

 

Sistema "institucionalizado"

 

Segundo o ex-executivo da estatal, o sistema de contribuições vinculadas a contratos já era institucionalizado. De acordo com Duque, essa prática acontecia sempre nos grandes contratos, com valores superiores a R$ 100 milhões. A arrecadação de recursos para partidos "não era uma obrigação, mas uma consequência", disse ele.

 

"Quando existia um contrato, seja ele qual fosse o contrato, em que corria uma licitação normal, o partido ou normalmente o tesoureiro do partido procurava a empresa e pedia contribuição. E a empresa normalmente dava porque era uma coisa institucionalizada nas companhias."

 

Duque contou também ter tratado de arrecadação de valores sobre contratos com todos os tesoureiros do PT de quem foi contemporâneo: Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto.

 

Ao final do depoimento, Duque chegou a se emocionar quando relacionou o fato de ser o preso com mais tempo de detenção (dois anos e dois meses) ao sofrimento de sua família.

 

"Quero agradecer a oportunidade [de dar o depoimento]. Saio muito mais leve por ter falado, sempre quis esclarecer. Queria deixar claro que cometi ilegalidades, quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar por ilegalidades que eu cometi."

 

Entenda o caso

 

Duque depôs como réu em processo no qual é acusado de ter recebido propina de R$ 252 milhões decorrente de seis sondas negociadas pela Sete Brasil com o estaleiro Enseada do Paraguaçu, da Odebrecht. As sondas faziam parte de um contrato ainda maior da Sete Brasil com a Petrobras, para o afretamento de 21 sondas para a exploração do pré-sal. Duque teria determinado inclusive quais seriam os estaleiros subcontratados pela Sete Brasil.

 

Renato Duque está preso desde março de 2015 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele estaria há quase um ano tentando negociar um acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato. 

 

Desde setembro de 2015, Duque também já foi condenado em quatro processos da Lava Jato em primeira instância, com penas máximas que chegam a 20 anos de prisão.

 

Na Petrobras, Duque foi diretor de Serviços entre 2003 e 2012. Ele disse ter começado a trabalhar na estatal em 1978. Ele é considerado próximo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

 
 

 

 

O ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse nesta sexta (5), em depoimento ao juiz Sergio Moro no âmbito da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, como a pessoa que receberia contribuições de empresas para o PT vinculadas a contratos com a estatal. Segundo ele, a informação foi transmitida a ele em 2007, ano em que conheceu Vaccari, pelo então ministro do Planejamento de Lula, Paulo Bernardo.

 

"Eu fui chamado a Brasília e essa pessoa [Paulo Bernardo] falou assim: 'Olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo (faz o gesto de coçar a barba)...'. Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido como chefe, grande chefe, "Nine" ou esse movimento com a mão", disse Duque.

 

O ex-executivo da Petrobras disse então ter ouvido que Vaccari seria "quem vai atuar junto às empresas que trabalham com a Petrobras." Depois, Duque disse que a pessoa que fez a descrição de Lula era Paulo Bernardo.

 

A defesa do ex-presidente Lula vem negando que o presidente tenha cometido qualquer irregularidade ligada ao esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

 

O ex-diretor da estatal disse também que todos do PT sabiam das contribuições partidárias vinculadas a grandes contratos da Petrobras com empresas. "Todos sabiam. Todos do partido, desde o presidente do partido, o tesoureiro, secretário, deputados, senadores, todos sabiam que isso ocorria."

 

Duque confirmou que sua indicação à diretoria da Petrobras foi feita a pedido do PT, assim como a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento --condenado e um dos primeiros delatores na Lava Jato-- foi feita por indicação do PP. Duque admitiu ter recebido propina e disse estar arrependido de ter cometido ilegalidades e de ter permitido que elas ocorressem.

 

Sistema "institucionalizado"

 

Segundo o ex-executivo da estatal, o sistema de contribuições vinculadas a contratos já era institucionalizado. De acordo com Duque, essa prática acontecia sempre nos grandes contratos, com valores superiores a R$ 100 milhões. A arrecadação de recursos para partidos "não era uma obrigação, mas uma consequência", disse ele.

 

"Quando existia um contrato, seja ele qual fosse o contrato, em que corria uma licitação normal, o partido ou normalmente o tesoureiro do partido procurava a empresa e pedia contribuição. E a empresa normalmente dava porque era uma coisa institucionalizada nas companhias."

 

Duque contou também ter tratado de arrecadação de valores sobre contratos com todos os tesoureiros do PT de quem foi contemporâneo: Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto.

 

Ao final do depoimento, Duque chegou a se emocionar quando relacionou o fato de ser o preso com mais tempo de detenção (dois anos e dois meses) ao sofrimento de sua família.

 

"Quero agradecer a oportunidade [de dar o depoimento]. Saio muito mais leve por ter falado, sempre quis esclarecer. Queria deixar claro que cometi ilegalidades, quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar por ilegalidades que eu cometi."

 

Entenda o caso

 

Duque depôs como réu em processo no qual é acusado de ter recebido propina de R$ 252 milhões decorrente de seis sondas negociadas pela Sete Brasil com o estaleiro Enseada do Paraguaçu, da Odebrecht. As sondas faziam parte de um contrato ainda maior da Sete Brasil com a Petrobras, para o afretamento de 21 sondas para a exploração do pré-sal. Duque teria determinado inclusive quais seriam os estaleiros subcontratados pela Sete Brasil.

 

Renato Duque está preso desde março de 2015 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele estaria há quase um ano tentando negociar um acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato. 

 

Desde setembro de 2015, Duque também já foi condenado em quatro processos da Lava Jato em primeira instância, com penas máximas que chegam a 20 anos de prisão.

 

Na Petrobras, Duque foi diretor de Serviços entre 2003 e 2012. Ele disse ter começado a trabalhar na estatal em 1978. Ele é considerado próximo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

 

 

O ex-diretor da Petrobras Renato Duque disse nesta sexta (5), em depoimento ao juiz Sergio Moro no âmbito da Operação Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, como a pessoa que receberia contribuições de empresas para o PT vinculadas a contratos com a estatal. Segundo ele, a informação foi transmitida a ele em 2007, ano em que conheceu Vaccari, pelo então ministro do Planejamento de Lula, Paulo Bernardo.

 

"Eu fui chamado a Brasília e essa pessoa [Paulo Bernardo] falou assim: 'Olha, você vai conhecer uma pessoa indicada pelo (faz o gesto de coçar a barba)...'. Ele fazia esse movimento, não citava o nome. O presidente Lula era conhecido como chefe, grande chefe, "Nine" ou esse movimento com a mão", disse Duque.

 

O ex-executivo da Petrobras disse então ter ouvido que Vaccari seria "quem vai atuar junto às empresas que trabalham com a Petrobras." Depois, Duque disse que a pessoa que fez a descrição de Lula era Paulo Bernardo.

 

A defesa do ex-presidente Lula vem negando que o presidente tenha cometido qualquer irregularidade ligada ao esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato.

 

O ex-diretor da estatal disse também que todos do PT sabiam das contribuições partidárias vinculadas a grandes contratos da Petrobras com empresas. "Todos sabiam. Todos do partido, desde o presidente do partido, o tesoureiro, secretário, deputados, senadores, todos sabiam que isso ocorria."

 

Duque confirmou que sua indicação à diretoria da Petrobras foi feita a pedido do PT, assim como a de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento --condenado e um dos primeiros delatores na Lava Jato-- foi feita por indicação do PP. Duque admitiu ter recebido propina e disse estar arrependido de ter cometido ilegalidades e de ter permitido que elas ocorressem.

 

Sistema "institucionalizado"

 

Segundo o ex-executivo da estatal, o sistema de contribuições vinculadas a contratos já era institucionalizado. De acordo com Duque, essa prática acontecia sempre nos grandes contratos, com valores superiores a R$ 100 milhões. A arrecadação de recursos para partidos "não era uma obrigação, mas uma consequência", disse ele.

 

"Quando existia um contrato, seja ele qual fosse o contrato, em que corria uma licitação normal, o partido ou normalmente o tesoureiro do partido procurava a empresa e pedia contribuição. E a empresa normalmente dava porque era uma coisa institucionalizada nas companhias."

 

Duque contou também ter tratado de arrecadação de valores sobre contratos com todos os tesoureiros do PT de quem foi contemporâneo: Delúbio Soares, Paulo Ferreira e João Vaccari Neto.

 

Ao final do depoimento, Duque chegou a se emocionar quando relacionou o fato de ser o preso com mais tempo de detenção (dois anos e dois meses) ao sofrimento de sua família.

 

"Quero agradecer a oportunidade [de dar o depoimento]. Saio muito mais leve por ter falado, sempre quis esclarecer. Queria deixar claro que cometi ilegalidades, quero pagar pelas ilegalidades, mas quero pagar por ilegalidades que eu cometi."

 

Entenda o caso

 

Duque depôs como réu em processo no qual é acusado de ter recebido propina de R$ 252 milhões decorrente de seis sondas negociadas pela Sete Brasil com o estaleiro Enseada do Paraguaçu, da Odebrecht. As sondas faziam parte de um contrato ainda maior da Sete Brasil com a Petrobras, para o afretamento de 21 sondas para a exploração do pré-sal. Duque teria determinado inclusive quais seriam os estaleiros subcontratados pela Sete Brasil.

 

Renato Duque está preso desde março de 2015 na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Ele estaria há quase um ano tentando negociar um acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato. 

 

Desde setembro de 2015, Duque também já foi condenado em quatro processos da Lava Jato em primeira instância, com penas máximas que chegam a 20 anos de prisão.

 

Na Petrobras, Duque foi diretor de Serviços entre 2003 e 2012. Ele disse ter começado a trabalhar na estatal em 1978. Ele é considerado próximo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.


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