19/11/2021 às 08h03min - Atualizada em 19/11/2021 às 08h03min

Justiça condena acusadas de matar travesti Ághata Lios: “Crueldade”

Juiz que condenou as travestis disse que poucas vezes se deparou com tamanha violência, como no assassinato de Ághata Lios

O Tribunal do Júri de Taguatinga condenou, nessa quarta-feira (17/11), as cinco pessoas acusadas de matar a travesti Ághata Lios (foto em destaque), 23 anos. O crime ocorreu em 26 de janeiro de 2017, dentro do Centro de Distribuição dos Correios, em Taguatinga. O motivo seria uma briga por pontos de prostituição.
 
Segundo a denúncia do MPDFT, quatro delas teriam desferido golpes de faca e facão na vítima, causando os ferimentos que a levaram à morte. O órgão informou, ainda, que a motivação do homicídio foi caracterizado por motivo torpe, cruel e com emprego de meios que dificultaram a defesa da vítima.
 
O juiz João Marcos Guimarães Silva, do Tribunal do Júri de Taguatinga, considerou o crime como “crueldade absurda” e destacou que “poucas vezes se deparou com tamanha violência”, já que os acusados teriam agredido a vítima de várias formas, inclusive com “riscos de faca” e “bandas de facão”, aumentando o sofrimento da vítima.
 
A acusada Carolina Andrade (registrada como Daniel Ferreira Gonçalves) foi denunciada por homicídio qualificado e roubo e deve cumprir 13 anos e 4 meses de reclusão. Bruna Alencar (nome de nascimento Greyson Laudelino Pessoa) e Samira (Francisco Delton Lopes Castro) também respondem por homicídio e devem cumprir 20 e 19 anos de prisão, respectivamente.
 
Lohanny Castro (Deyvisson Pinto Castro), além da denúncia por homicídio, ainda teve acrescentado ao processo o crime de corrupção de menores, por isso deve cumprir 19 anos de reclusão.
 
Letícia Oliveira Santos é acusada de participação no crime ao emprestar a arma usada e corrupção de menores. A mulher era a única que respondia em liberdade pelo homicídio qualificado. Nessa quarta Letícia teve o mandado de prisão preventiva expedido e deve cumprir 21 anos em regime fechado.
 
Relembre o caso
 
A travesti Ágatha Lios, 23 anos, morreu tentando escapar da facadas desferidas por outras quatro travestis, em janeiro de 2017, dentro de uma central de distribuição dos Correios, próximo ao local onde ela costumava fazer ponto de prostituição.
 
Ágatha era considerada uma ameaça pela concorrência por conta de sua beleza. Além disso, a vítima teria se recusado a abandonar o DF e permanecia fazendo programas sexuais na região de Taguatinga Sul.
 
O assassinato de Ágatha acabou revelando a briga por pontos de prostituição nas ruas do Setor de Indústrias de Taguatinga Sul. As vias são comandadas por cafetões que cobram uma espécie de pedágio de quem quer se prostituir no local. Por dia, cada travesti desembolsa entre R$ 50 e R$ 100 para ocupar um ponto. Caso se recuse, pode sofrer retaliações de todo o tipo, desde assaltos, passando por espancamentos, até assassinatos.
Chacota
 
Um dia depois do brutal assassinato, Lohanny Castro disse, entre outras coisas em suas redes socias, “que a gente só colhe o que planta”. Apostando na impunidade, a acusada disse que aguardava apenas o momento de se entregar, pois “o homicídio não daria em nada”. Lohanny fez a postagem pouco antes de fugir de Taguatinga.
 
Em uma postagem seguinte, feita no mesmo dia, Lohanny afirma que o assassinato de Ágatha não teve mandantes e nenhuma participação de cafetinas. A travesti diz que a vítima teria apontado uma faca em sua direção. “Mas não soube fazer o babado. Isso nunca vou aceitar nem dela nem ninguém. Levantar faca ou me botar pra correr (sic)”, disse.


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