Goiânia – O autor confesso de uma série de homicídios em três estados, o caseiro Wanderson Mota Protacio, de 21 anos, continua preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, após decisão judicial desta segunda-feira (6/12) em audiência de custódia.
Wanderson se entregou no último sábado (4/12), após seis dias de buscas pela polícia, que tentava capturá-lo desde que matou a companheira grávida, a enteada de 2 anos de idade e um fazendeiro em Corumbá de Goiás, a 130 quilômetros de Brasília.
A audiência de custódia, que poderia dar liberdade para o preso, ocorreu de forma virtual, já que ele está preso em Aparecida, a juíza Aline Freitas é de Pirenópolis e a promotora Melissa Sanchez é do fórum de Goianápolis. O promotor de Corumbá está de férias.
Durante a audiência, Wanderson disse que não sofreu qualquer tipo de maus-tratos. No entanto, contou que ouviu ameaças de outros presos, mesmo estando em cela separada. A administração dos presídios goianos vai receber um ofício para garantir a integridade do detento.
Após audiência, a magistrada decidiu manter a prisão temporária de Wanderson e negou o pedido de transferência para Corumbá de Goiás, já que a cadeia da cidade não tem estrutura para garantir a segurança dele. O inquérito da Polícia Civil que apura os três últimos homicídios atribuídos ao caseiro será remetido ao judiciário após conclusão.
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) determinou o sigilo de todos os processos criminais relacionados a Wanderson, inclusive uma tentativa de homicídio com facadas em dezembro de 2019. Em relação aos últimos crimes, a juíza justificou a necessidade do sigilo para resguardar a intimidade de uma das vítimas, a mulher do fazendeiro assassinado, que sofreu uma tentativa de estupro.
Rendido após buscas
Após seis dias de buscas, entre os municípios de Corumbá de Goiás, Alexânia, Abadiânia e Gameleira de Goiás, Wanderson se entregou em um posto da Polícia Militar, na manhã do último sábado (4/12), em Gameleira de Goiás, a cerca de 100 km de Goiânia.
Chamado de “Novo Lázaro” por agir de forma semelhante a Lázaro Barbosa, 33, chegou à fazenda de um casal na zona rural de Gameleira de Goiás, por volta das 6h da manhã e teria apontado um revólver pela janela. No entanto, a moradora Cinda Mara, o acolheu.
Cinda ofereceu água, comida e roupas limpas, já que Wanderson estava sujo, molhado e com frio. A dona da fazenda e o marido ainda teriam feito um trabalho de convencimento para que o foragido se entregasse à polícia.
O criminoso foi levado pelos donos da fazenda à cidade, onde se entregou e foi detido pela Polícia Militar. Wanderson acabou encaminhado para a Delegacia Regional de Polícia em Anápolis, onde prestou depoimento e confessou os crimes cometidos.
Outros crimes
Além de falar sobre as mortes em Corumbá, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, informou que Wanderson também confessou outros crimes, como a tentativa de feminicídio contra uma ex-companheira em 2019, o envolvimento no homicídio de um taxista em São Gotardo (MG) e outro crime no Maranhão, quando ainda era menor de idade.
“Ele confirmou tudo, confirmou as mortes em Corumbá, confirmou a tentativa [de feminicídio], já tinha confirmado, tanto que chegou a ser preso na época, confirmou também o latrocínio lá em Minas Gerais e confirmou agora uma coisa que a gente só suspeitava, um homem que ele matou no Maranhão. É um criminoso contumaz”, disse o secretário à TV Anhanguera.
Ainda de acordo com o chefe da pasta de Segurança, Wanderson afirmou em depoimento que, no último sábado, começou a discutir com a companheira após ela ter uma crise de ciúmes. Ele a matou com facadas. Depois, com a mesma arma, deu um golpe fatal no peito da enteada de 2 anos de idade.
Depois, foi até a casa do fazendeiro, que ficava ao lado de onde ele trabalhava, e o matou com o tiro na nuca. Ele disse que assassinou Roberto para roubar o veículo dele. Quanto a morte da enteada, o assassino não soube explicar.
“Ele não consegue explicar a morte da criança só disse que na hora da briga, ela [esposa] pegou uma faca, enfim, que a criança viu tudo, que ele ficou ‘cego’ e matou a criança também”, afirmou o secretário. Porém, segundo Miranda, os detalhes do caso só serão concluídos ao final das oitivas.