Ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) da Casa, o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) não exonerou seu assessor parlamentar que cuidava da contratação de funcionários, mesmo acusado de promover o crime de rachadinha em seu gabinete.
Paulo Augusto de Araújo Boudens segue contratado no gabinete de Alcolumbre e ganha R$ 22,9 mil por mês, apurou o Metrópoles junto ao Portal de Transparência do Senado Federal. A informação foi confirmada junto à assessoria do senador amapaense.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) ouviu, nessa sexta-feira (17/12), Paulo Boudens sobre a suposta rachadinha.
Boudens é ex-chefe de gabinete do ex-presidente do Senado. Ele foi exonerado do cargo em fevereiro deste ano, segundo registro do Diário Oficial da União (DOU), e passou a trabalhar como assessor parlamentar de Alcolumbre.
O caso das supostas rachadinhas foi revelado pela revista Veja, em 29 de outubro. O esquema teria desviado ao menos R$ 2 milhões.
Na ocasião, Alcolumbre negou as acusações e jogou a responsabilidade para seu ex-chefe de gabinete. O senador disse se concentrar nas atividades legislativas e assegurou que questões administrativas, como a contratação de funcionários, ficavam a cargo de Paulo Boudens.
O parlamentar afirmou, ainda, não se lembrar das ex-funcionárias que fizeram a denúncia e garantiu que ninguém estava autorizado a ficar com os salários das servidoras.
O advogado Alexandre Queiroz, representante de Paulo Boudens, também não se manifestou.
À época da denúncia, Paulo Boudens negou qualquer negócio ilícito que envolva o cliente. “O advogado Alexandre Queiroz, representante de Paulo Boudens, servidor do Senado Federal, esclarece que são inverídicas as informações prestadas pelas ex-servidoras à Veja”
Entenda
Em entrevistas à revista Veja, seis mulheres denunciaram Alcolumbre por promover rachadinha em seu gabinete.
Marina Santos, Érica Castro, Lilian Braga, Jessyca Pires, Larissa Braga e Adriana Almeida são moradoras do Entorno do Distrito Federal e foram contratadas como assessoras do senador amapaense. Entretanto, nunca trabalharam, segundo a revista.
O esquema teria começado em 2016. As mulheres tinham vencimentos mensais entre R$ 4 mil e R$ 14 mil, mas devolviam boa parte do montante ao gabinete de Alcolumbre.
“O senador me disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’. Estava desempregada. Meu salário era mais de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1.350. A única orientação era para que eu não dissesse para ninguém que tinha sido contratada pelo Senado”, contou a diarista Marina Ramos Brito dos Santos.
A estudante Érica Almeida Castro também tinha salário de R$ 14 mil, mas, segundo ela, ficava apenas com R$ 900.