05/01/2022 às 07h54min - Atualizada em 05/01/2022 às 07h54min

Chuvas: Goiás tem 15 cidades em emergência; Chapada sofre alagamentos

Além de perder casas e plantações, moradores de comunidades ilhadas estão enfrentando aumento de casos de dengue e Covid-19

Goiânia – O número de cidades goianas em estado de emergência por conta dos estragos da chuva subiu para 15 nesta terça-feira (4/1). Comunidades inteiras continuam ilhadas na zona rural, estradas estão com atoleiros, rios transbordaram, pontes estão comprometidas e até a travessia por barco é considerada perigosa em alguns pontos.

A última cidade a entrar na lista de mais afetadas pelas chuvas foi Nova Roma, município da Chapada dos Veadeiros. Outros 14 municípios do nordeste goiano, estão em estado de emergência desde final de dezembro.

São eles Alto Paraíso, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante, Monte Alegre, Campos Belos, Divinópolis, São Domingos, Iaciara, Formoso, Niquelândia, São João d’Aliança, Guarani de Goiás e Flores de Goiás.

Cidade isolada

O prefeito de Nova Roma Eleuses Gonzaga (Podemos), esclareceu  que três comunidades rurais estão isoladas na cidade, sendo que uma delas é quilombola. A prefeitura tem levado água e alimento para esses locais com ajuda do governo estadual.

Das quatro saídas da cidade, apenas uma está transitável, que liga até a vizinha Iaciara. A GO-241 está cheia de atoleiros e dois pontos da estrada foram tomados pelos rios Areia e Pedras, segundo o prefeito. Esses dois rios costumam ser atravessados mesmo sem ponte, mas, com a cheia, se tornou impossível a passagem.

Uma outra saída, para a cidade de Campos Belos, é feita por uma balsa que cruza o rio Paranã. No entanto, como o nível da água está muito alto e a correnteza forte, o transporte de embarcação foi fechado. A saída para Alto Paraíso também está interditada, de acordo com o prefeito.

 

Doença e chuva

A situação também é crítica na zona rural de Monte Alegre de Goiás, onde, além da destruição de casas e plantações pela chuva, também há relatos de moradores com sintomas de febre e diarreia após a tempestade.

“Muitas pessoas estão dando febre, ficando com a boca amarga, começando tipo uma gripe. Eu mesma fiquei assim oito dias. Meu pai saiu daqui passando mal”, contou a diretora de escola Lourdes Fernandes de Souza, de 37 anos, que mora na comunidade Riachão e lamenta a falta de uma unidade de saúde próxima.

A reportagem apurou que Cavalcante, Teresina e Monte Alegre estão com muitos casos de dengue e Covid-19 na região rural. O assunto foi discutido em reunião entre representantes das prefeituras nesta terça.

Acesso pela água

Há 14 comunidades quilombolas Kalungas em Monte Alegre, que são afastadas umas das outras, mas interligadas pela comunidade central Riachão. Agora, os moradores dessas comunidades têm dificuldade não só de chegar na cidade, mas de visitar as comunidades vizinhas.

O acesso tem sido feito de barco ou caminhonetes que se arriscam no atoleiro. Em alguns pontos, cestas básicas foram transportadas em tambores boiando na água que cobria a estrada. Mas até o barco é considerado arriscado, quando o rio está com muita correnteza.

Corpo de Bombeiros e voluntários estão ajudando a distribuir mantimentos para as famílias isoladas. Helicópteros também são utilizados. Uma família com uma mulher grávida foi resgatada em Cavalcante, na comunidade Kalunga Vão do Moleque.

Alto Paraíso

Apesar de pertencer a lista de municípios goianos em situação de emergência, Alto Paraíso mantém o turismo aberto para os visitantes. Nessa terça (4/1), o volume da água no rio São Miguel, que passa no Vale da Lua, uma das principais atrações na região da Chapada dos Veadeiros, chegou a um nível 10 vezes acima do normal conforme brigadistas e guias turísticos locais.

O segredo para Agenor da Silva Bastos, 39 anos, um dos guias locais, é a comunicação entre os donos de atrativos e os conhecedores das trilhas. “Lógico que você nunca vai botar o turista em risco. Para não correr o risco de perder o dia de passeio, nem correr o risco de perder a vida, a gente orienta [o turista] a fazer passeios grandes, mais visuais”, explica o também vereador de Alto Paraíso.

Segundo o guia, os atrativos locais abrem e fecham conforme a presença das chuvas. “Segunda (3/1) deu sol, Loquinhas e o Vale da Lua passaram o dia inteiro aberto. Na terça (4/1), levamos os turistas para São João D’Aliança por conta das chuvas”, conta. Os donos das propriedades informam diariamente os profissionais, por meio de grupos de WhatsApp, se irão funcionar.

Na manhã dessa terça, o Vale da Lua foi invadido por uma tromba d’água. O espaço foi fechado e a entrada de turistas precisou ser interrompida até que a situação se normalizasse.

Para o vereador, esse nível de chuva é muito comum entre os meses de fevereiro e março. Nessa época, é “uma surpresa muito grande”.

Em razão disso, ele avalia que o movimento na virada do ano foi menor do que no ano passado. “O Réveillon não foi o mesmo do ano passado, o movimento caiu muito. Teve gente que baixou muito o preço das diárias. Teve pousada que estava cobrando R$ 1 mil e baixou para R$ 500”, lamenta.

Apoio

O governador de Goiás Ronaldo Caiado (DEM) tem visitado várias dessas cidades atingidas pelas fortes chuvas desde o final do ano passado. Ele chegou a acompanhar as buscas pelo corpo da pequena Tamires, de 4 anos, que se afogou após ser levada pela correnteza em um rio de Guarani de Goiás. O corpo foi achado na segunda-feira (3/1), no sexto dia de buscas.

O político também participou da entrega de cestas básicas em Nova Roma. Foram encaminhadas 1,6 mil cestas básicas e 1,2 mil cobertores à região nordeste de Goiás.


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