06/01/2022 às 07h47min - Atualizada em 06/01/2022 às 07h47min

Sob pressão, Flávia Arruda ganha apoio de Bolsonaro

Logo no retorno a Brasília, presidente se encontra com ministra e repete que ela continuará à frente da Secretaria de Governo

Sob pressão para deixar a Secretaria de Governo, a ministra Flávia Arruda (PL) se encontrou, ontem, com o presidente Jair Bolsonaro — agora integrante da mesma legenda — na Base Aérea de Brasília. Ali, o chefe do Executivo relatou de viva-voz à auxiliar o que havia dito na entrevista, mais cedo, no Hospital Vila Nova Star, e reforçou que ela permanecerá no cargo, com um comentário na linha de "não leve em conta os fofoqueiros de plantão".
 
Logo após receber alta do hospital em que estava internado por causa de uma obstrução intestinal, Bolsonaro disse que Flávia Arruda foi indicada ao cargo porque tem competência. Ele também afirmou que ninguém ligou para ele para pedir a demissão da ministra.
 
"Por que eu indiquei? Não é por ser mulher, não é por nada. É pela competência dela. Ela foi relatora do Orçamento", justificou. "Ninguém ligou pra mim. Ninguém pede a cabeça de ministro como acontecia no passado", prosseguiu, ao alfinetar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo Bolsonaro, distribuía cargos em estatais e ministérios — tipo de prática que o presidente rechaçou quando era candidato e que, agora, tem como modus operandi para continuar no cargo.
 
Ele também disse desconhecer erros na gestão da ministra à frente da Secretaria de Governo. "Onde a ministra Flávia Arruda está errando? Desconheço onde ela está errando. Se, porventura, estiver errando, como acontece, eu chamo e converso com ela. Ela não será demitida jamais pela imprensa", disparou Bolsonaro.
 
A pressão em torno de Flávia Arruda cresceu nos últimos dias, especialmente após a internação de Bolsonaro, na última segunda-feira. Insatisfeitos com uma suposta demora no repasse de emendas prometidas pelo Executivo, ainda no ano passado, deputados do Centrão declararam guerra à ministra.
 
O líder desse movimento foi o deputado Hugo Motta (PB), comandante do Republicanos na Câmara, que chegou a defender a demissão de Flávia em um grupo de WhatsApp dos parlamentares. Ele também foi o relator da PEC dos Precatórios na Casa. Apesar de haver integrantes do Centrão insatisfeitos, o grupo está dividido.
 
Reservadamente, interlocutores de Flávia dizem que ela não falará sobre esse assunto publicamente "para não esticar a corda" e que o movimento, liderado por Hugo Motta, deve se desfazer em breve, já que Bolsonaro garantiu a permanência dela. "A declaração do presidente terminou por fortalecer a ministra", avisam seus aliados.
 
Além de Bolsonaro, Flávia conta com o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. A pressão, no entanto, deve perdurar nos próximos meses, nem tanto para tirá-la do cargo, mas para garantir a indicação do sucessor. Há um grupo, mais ligado a Bolsonaro, que deseja emplacar Celso Faria Junior, chefe de gabinete do presidente da República. Já a turma a favor da ministra pretende deixar Carlos Henrique, o número dois da Secretaria de Governo.


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