Executado em plena luz do dia ao sair do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Filipe Batista da Silva, de 37 anos, mais conhecido como “Nariga”, foi alvo de, ao menos, cinco tentativas de homicídio. Em uma delas, o assassinato foi encomendado por uma ex-sogra, que pretendia, à época, dominar o esquema de tráfico de drogas chefiado por Filipe em Sobradinho. O detento foi morto a tiros no fim da manhã desta quarta-feira (12/1), ao sair para trabalho externo.
Só em 2017, Filipe foi alvo de três tentativas de homicídio. Uma das emboscadas aconteceu em 7 de dezembro do respectivo ano. Por volta das 9h30, Filipe saía de uma casa, no Buritizinho, em uma Tiguan branca, quando, ao estacionar próximo à Avenida Contorno de Sobradinho II, foi alvo de tiros. O carro ficou marcado pelos projéteis (veja foto abaixo) e Filipe acabou baleado na perna e no braço. À época, em depoimento, ele afirmou que os criminosos chegaram em um Prisma branco e dispararam. Nariga acelerou o veículo e tentou fugir, foi perseguido e colidiu contra um poste. No local, várias cápsulas de bala foram apreendidas pela Polícia Civil (PCDF).
Em 16 de maio de 2018, Filipe ficou internado em estado grave por diversos dias após ser baleado em Sobradinho. Semelhante ao caso de 2017, Nariga estava dentro de um carro, um Voyage preto, quando criminosos passaram e efetuaram diversos disparos contra o veículo. Ele chegou a reagir e revidou os tiros contra os suspeitos. Foi socorrido pela namorada, mas sofreu sérios danos no braço.
No decorrer das investigações conduzidas pela 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II), os policiais chegaram à autoria do crime. Constatou-se que quem havia ordenado o assassinato de Filipe foi a ex-sogra, identificada como Heldimar Laurentino Ferreira, presa na Penitenciária Feminina do DF (PFDF). Conversas e ligações comprovaram que a mulher pegou dois homens para executarem o genro. O motivo seria uma disputa por um esquema de tráfico que, na época, era coordenado por Filipe, segundo consta nos autos do processo.
Alta periculosidade
Filipe acumulava diversas passagens criminais por porte de arma de fogo, porte de drogas, dois homicídios, tráfico de drogas, tentativa de homicídio, receptação de veículo e associação para o tráfico, além de ter várias rixas no DF, especialmente em Sobradinho. Além desses dois casos, ele também foi vítima de tentativa de homicídio em outubro de 2010, em 25 de dezembro de 2009 e em 2017.
Nos autos do processo, Filipe é intitulado como uma “pessoa de altíssima periculosidade e autor de diversos crimes”. O apelido “Nariga” faz menção ao filme “Highlander — O Guerreiro Imortal”. Na manhã desta quarta-feira, no entanto, Filipe não escapou da emboscada e morreu.
Ao sair para o trabalho externo, no CPP, foi surpreendido a tiros enquanto aguardava uma carona. Ele chegou a entrar no carro, mas faleceu no SOF Sul. O motorista do veículo chegou a trocar tiros com os criminosos, mas abandonou o automóvel e fugiu. Até a última atualização dessa reportagem, ninguém havia sido preso. A 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) investiga o caso.