O nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mal foi citado e a esquerda não esteve no centro das críticas de uma transmissão pela internet, na noite desta segunda-feira (17/1), que uniu protagonistas do bolsonarismo radical (alguns sendo deslocados para longe do grupo de aliados do presidente da República).
Refletindo uma crise no bolsonarismo que tem como pano de fundo a disputa por espaço eleitoral, políticos como os ex-ministros Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), além do pastor Silas Malafaia, resolveram atirar contra outros alvos: o Centrão aliado de Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça e atual pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos).
Contando bastidores da luta pela aprovação da indicação do ministro André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal (STF), Malafaia reiterou acusações, no canal ConservaTalk, aos ministros palacianos Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e Fábio Faria (Comunicações) por terem, supostamente, trabalhado contra.
“Se não fosse a pressão dos conservadores para cima de senadores e do presidente, a casa ia cair. Eu disse a Bolsonaro que ele passaria uma grande vergonha se não trabalhasse pela aprovação”, afirmou o líder religioso. “Eles [ministros] eram obrigados a fazer campanha ostensiva a favor de André e não fizeram”, continuou Malafaia.
“Quando o Centrão foi entrando [no governo], fui ficando cada vez mais isolado e me foi tirada a capacidade de fazer a política externa a que nos propomos”, emendou o ex-chanceler Ernesto Araújo, que disse ver o Brasil virando “colônia chinesa”.
Radicais renegados
“As pessoas têm que saber isso. Os eleitores de Bolsonaro topam isso”, questionou ele, que sonha ser candidato a senador, mas é um dos radicais renegados que não conseguem apoio de Bolsonaro para as eleições do ano que vem.
“Centrão é que está batendo nos conservadores com mentiras”, criticou o ex-ministro Abraham Weintraub, recém-chegado ao Brasil para tentar construir uma candidatura ao governo de São Paulo – também sem apoio de Bolsonaro, que já escolheu seu ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, para concorrer por seu novo partido, o PL, enquanto o ex-ministro da Educação nem sigla competitiva conseguiu.
Moro, o “rei dos traíras”
Os participantes da live também bateram muito no ex-ministro bolsonarista Sergio Moro, hoje pré-candidato à Presidência em oposição ao ex-chefe.
“É o rei dos traíras”, acusou o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. “Foi o único que saiu do grupo do WhatsApp dos ministros sem se despedir dos demais”, reclamou ainda o pré-candidato ao Senado (mas que sinaliza se contentar em disputar uma vaga na Câmara dos Deputados).
Malafaia disse ter sido procurado por emissários de Moro para uma conversa, mas negou. “Não vou falar com covarde. Além de ser Judas, [Moro] é um covarde, porque aproveitou um momento de fraqueza do presidente pra sair e fazer acusações”, complementou.
Weintraub, que gostaria do apoio do Moro segundo apuração do site O Antagonista, não se demorou nas críticas ao ex-colega, mas negou qualquer chance de aliança. “Estão malucos”, disse Weintraub.