27/01/2022 às 05h39min - Atualizada em 27/01/2022 às 05h39min

Juristas sobre acesso a salário de Moro nos EUA: “Interesse público”

Tânia de Oliveira, da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, menciona possibilidade de tráfico de influência e corrupção passiva

São Paulo – A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), que pediu ao Ministério Público Federal (MPF), para investigar a atuação do ex-ministro Sergio Moro na a Alvarez & Marsal, defende que, caso sejam encontradas irregularidades, o ex-juiz sofra as devidas sanções penais.
 
“Pedimos a divulgação do salário porque entendemos que essa informação é de interesse público, não privado. Também não está claro se o valor que ele recebeu é condizente com o tipo de trabalho que estava realizando”, afirmou Tânia Maria de Oliveira, integrante da coordenação executiva nacional da ABJD.
 
“Ele está dizendo contraditoriamente que essa é uma informação de âmbito privado, mas ele sempre fez dessa discussão de combate à corrupção uma fala para justificar ações, inclusive, ilegais, como a divulgação de grampos”, argumentou.
 
Para a jurista, um salário desproporcional ao cargo pode ser indício de que um crime foi cometido.
 
“No site da Alvarez & Marsal tinha a informação de que o Moro era o diretor. Mas ele sempre disse que fez um trabalho na condição de consultor. Se o que ele recebeu dessa empresa não for compatível como o trabalho é um indício claro de corrupção passiva“, apontou Tânia.
 
Outro crime que a jurista apontou para que seja investigado é o de tráfico de influência.
“É preciso ter clareza do que é essa relação efetiva com uma empresa norte-americana que é responsável pela recuperação judicial de empresas que foram quebradas por decisões da Lava Jato”, afirmou a jurista.
 
Após a iniciativa da associação de juristas nessa quarta-feira (26/1), o ex-ministro e juiz afirmou que irá informar seus rendimentos na próxima sexta-feira (28/1). “Obviamente foi por medo de uma liminar da Justiça”, avaliou Tânia.
 
Defesa de investigação
O caso já está em investigação no Tribunal de Contas da União (TCU), que prevê a aplicação de sanções de caráter administrativo. “A parte mais penal fica a cargo do poder Judiciário mesmo, por isso entramos com a representação no MPF”, diz a advogada.
 
Segundo Tânia, um inquérito sobre a relação de Sergio Moro com empresas norte-americanas e com os Estados Unidos é fundamental, pois envolve questões de soberania nacional.
 
“Entramos no Ministério Público Federal porque a ele compete a investigação de cometimento de crimes e é isso que esperamos que aconteça. Porque há indícios muito claros de cometimento de crimes graves”, destacou.
 
Para a integrante da coordenação executiva nacional da ABJD, a investigação é ainda mais importante por Moro ser um presidenciável.
 
“Como podemos ter um candidato a presidente da República que se recusa a prestar contas a sociedade de suas ações em exercício de um outro cargo público, como juiz”, questionou Tânia.


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