Apesar de as agendas presidenciais terem diminuído 37% desde o início do mandato, as viagens nacionais do titular do Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), foram no sentido contrário durante a pandemia de coronavírus. Enquanto que em 2019 o chefe do Executivo teve 58 viagens pelo Brasil, em 2020 e 2021 foram registradas 62 e 79 agendas pelo país, respectivamente.
Além disso, segundo levantamento realizado com base na agenda presidencial, Bolsonaro mais que triplicou viagens aos estados do Nordeste. O movimento é visto como uma tentativa do mandatário de melhorar sua imagem na região que mais o rejeita, de acordo com as pesquisas.
O Nordeste é a única região em que Bolsonaro foi derrotado por Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições de 2018. Na ocasião, o ex-capitão conquistou 30% dos votos, enquanto o petista teve 69%.
Com estratégias definidas, Bolsonaro busca conseguir mais apoio na região, reduto eleitoral do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O titular do Planalto criou extraoficialmente um comitê de campanha mais centralizado para discutir as estratégias da corrida pela reeleição no pleito deste ano.
Recentemente, o presidente anunciou que fará, no início de fevereiro, uma viagem de dois dias pelo Nordeste. O giro será feito em três estados. Um deles será o Rio Grande do Norte. O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, deve acompanhar o mandatário do país. O roteiro ainda não foi divulgado pela Presidência.
No ano de estreia no comando do Palácio do Planalto, Bolsonaro visitou o Nordeste em apenas cinco oportunidades. Em 2020, mesmo durante a pandemia, ele mais que dobrou as viagens para a região e acumulou 12 visitas em estados nordestinos. Já no ano passado, o presidente esteve 19 vezes na localidade, segundo registros oficiais.
Visitas por estado
O destino favorito de Bolsonaro em viagens nacionais é São Paulo, que acumula 45 visitas em três anos de mandato. Na sequência, aparecem outros dois estados também da Região Sudeste: Rio de Janeiro (33) e Minas Gerais (17).
O Nordeste só aparece na quinta posição, com 11 viagens à Bahia, em três anos de governo. Apesar disso, o presidente não abandonou as férias no litoral catarinense, em dezembro do ano passado, e preferiu não visitar o estado nos dias em que a região mais sofreu com fortes chuvas.
Núcleo de campanha da reeleição
O comitê que trabalha pela reeleição do presidente é integrado por ministros do governo, dirigentes do Centrão e parentes de Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, atua como coordenador do comitê. Outro filho de Bolsonaro, o vereador Carlos (Republicanos-RJ), também integra o grupo.
Além deles, também participam do núcleo de campanha da reeleição de Bolsonaro o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência).
O núcleo de campanha tem por objetivo definir um marqueteiro profissional para trabalhar pela reeleição de Bolsonaro o mais rapidamente possível. A pressa, explicam aliados, se deve ao fato de que o presidente precisa voltar a conversar com a base que o elegeu em 2018, uma vez que o mandatário do país tem ocupado o segundo lugar nas recentes pesquisas eleitorais e visto aumentar a desaprovação ao seu governo.
No ano passado, durante almoço com jornalistas, no Palácio da Alvorada, o presidente disse que não deve contratar um profissional para disputar uma eventual reeleição.
“Não vou contratar marqueteiro, não é essa a intenção. Devo ter produtores de imagens. Nós temos imagens armazenadas das minhas viagens do Brasil todo para mostrar. É botar ali, já que vamos ter tempo de televisão do PL. É mostrar o que foi feito”, disse.