Durante audiência de custódia realizada na manhã desta segunda-feira (7/2), o operador de máquinas Adenilson Santos Costa (foto principal), 35 anos, afirmou que está arrependido. “Depois que fiz o ato, me arrependi”, disse o homem que invadiu uma casa em Samambaia Norte e esfaqueou quatro mulheres e uma criança. O crime ocorreu na noite de sábado (5/2). Uma das vítimas, Adélia Paraguai, 36, é mãe de Izadora de Sousa do Nascimento, 8, que não resistiu aos ferimentos e morreu.
Costa detalhou que tem três filhos, os quais moram com as mães no DF e no Maranhão. Contou ainda que nunca foi preso e, ao mencionar o dia do crime, lembrou que foi localizado e detido por moradores e pela polícia em um edifício. “Apanhei muito, pisaram na minha cabeça, deram chutes na costela”, contou. O preso não soube informar à corporação o nome dos supostos agressores. Destacou, ainda, que não há testemunhas do suposto abuso.
O juiz Lucas Lima da Rocha entendeu pela legalidade do flagrante e justificou que a atuação policial decorre de um fato grave e que, embora o autor não tenha passagens pela polícia, a prisão preventiva se faz necessária.
O posicionamento do magistrado segue o argumento levantado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
“No processo consta que ele discutiu com a esposa e depois voltou com uma faca para agredir e lesionar a mulher e outras pessoas, incluindo uma criança. O fato gravíssimo gera situação de risco para a ordem pública”, alegou o promotor Leonardo Borges.
Feridos
Adélia deu entrada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com perfurações no abdome e no membro superior esquerdo, e escoriações pelo corpo. Ela acabou transferida ao Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e teve alta na manhã de domingo (6/2).
Eunice Maria, mãe de Adélia e avó de Izadora, também chegou ao HRT com ferimentos graves e seguiu para o centro cirúrgico. Ela passou por cirurgia na unidade de saúde e aguardava por um leito de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Eudicilene de Sousa Barros, 50, esposa e alvo principal do agressor, teve ferimentos graves no abdome e passou por uma cirurgia complexa no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Ela está internada na enfermaria.
Ana Paula Paraguai, irmã de Adélia, levou uma facada no braço direito e teve escoriações pelo corpo. Ela passou por procedimento de sutura no HRC e está estável.
Morta aos 8 anos
A criança de 8 anos não resistiu aos ferimentos e morreu na manhã de domingo (6/2).
Izadora deu entrada no HRC com perfuração no abdome e suspeita de hemorragia interna. Ela estava com rebaixamento de consciência e instável. Chegou à unidade de saúde em estado de choque e foi levada imediatamente ao centro cirúrgico, mas não reagiu às manobras médicas e veio a óbito.
O delegado-chefe adjunto da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), Rodrigo Carbone, confirmou a morte de Izadora.
Prisão
Ao chegar à 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte), detido pela Polícia Militar do DF (PMDF), Adenilson confessou o crime. Ele disse que queria matar a esposa dele, Eudicilene, porque ela falou que iria “pegar todo mundo”, durante uma discussão entre o casal.
No momento da prisão, ao ser questionado sobre a motivação das agressões, o homem respondeu aos policiais: “Deus que sabe”.
De acordo com o relato do acusado à Polícia Civil do DF, Adenilson e Eudicilene conviviam maritalmente há cerca de dois anos. O homem também afirmou que nunca havia agredido fisicamente a companheira, “apenas com palavras”.
Agressões
Ainda segundo o depoimento de Adenilson, Eudicilene saiu de casa por volta das 11h e foi até a residência das amigas dela, em Samambaia Norte. À noite, quando ele resolveu ir ao local para encontrá-la, o casal discutiu, e o homem partiu para o ataque, com uma faca. As amigas da esposa tentaram intervir e acabaram feridas também.
Na delegacia, ele comentou que suspeitava de traições por parte da esposa e teria agido por ciúme. Após a prisão, Adenilson disse não se lembrar de ter ferido outras pessoas durante a ação e que estava bêbado, pois havia tomado três litros de vermute e uma garrafa de cachaça.
Após o crime, vizinhos tentaram conter o homem, que acabou encaminhado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com ferimentos na cabeça, no braço e nas costas. Na delegacia, segundo a ocorrência, devido ao estado emocional descontrolado do suspeito, ele ficou recolhido apenas com a roupa íntima.
Testemunhas
Uma testemunha relatou à polícia que as vítimas agonizavam enquanto pediam socorro. Outro homem, marido de uma das mulheres, comentou que tentou segurar o agressor e acabou mordido no braço; ele também relatou que Adenilson entrou na casa gritando: “Eu vou matar”, mas não mencionou nomes.
O crime ocorreu na parte externa da residência. As vítimas não puderam ser ouvidas devido ao estado de saúde delas.