O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi às redes sociais nesta segunda-feira (7/2) para criticar um grupo de manifestantes que entrou em uma igreja em Curitiba, Paraná, para protestar pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe. O chefe do Executivo federal, no entanto, não comentou a morte do congolês.
“Acreditando que tomará o poder novamente, a esquerda volta a mostrar sua verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo”, escreveu o presidente em publicação nas redes.
“Se esses marginais não respeitam a casa de Deus, um local sagrado, e ofendem a fé de milhões de cristãos, a quem irão respeitar?”, indagou na sequência.
De acordo com Bolsonaro, os ministérios da Justiça e da Mulher, Família e Direitos Humanos foram acionados para acompanhar os casos, “de modo a garantir que os responsáveis pela invasão respondam por seus atos e que práticas como essa não ganhem proporções maiores”.
Na postagem, o chefe do Executivo ainda citou um artigo do Código Penal, que estabelece como crime “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. A pena para a infração é de um mês a um ano, ou multa.
Entenda
Um grupo de manifestantes entrou na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, localizada no Centro Histórica de Curitiba, durante a missa de sábado (5/2).
Nesta segunda, a Arquidiocese de Curutiba repudiou o episódio e disse que o grupo agiu com “agressividades e ofensas”.
O vereador Renato Freitas (PT) participou do ato. Segundo ele, a igreja foi escolhida pela relação histórica que tem co a população negra na cidade. O político disse que a missa não estava sendo celebrada no momento do ato.
“Entramos na Igreja como parte simbólica da manifestação, uma vez que foi construída em 1737, durante o regime de escravidão, por pessoas pretas e para pessoas pretas, a quem era negado o direito de entrar em outros lugares”, disse o vereador nas redes sociais, ressaltando que a igreja não foi invadida.
Segundo o padre Luiz Hass, de 74 anos, a missa estava sendo celebrada, mas preciso ser encerrada com a invasão. De acordo ele, o grupo ficou no local por cerca de 20 minutos.
“Uma situação insuportável, barulho muito grande, pedimos que abaixassem o som lá fora, saíssem da escadaria. Mas começaram a dizer que era igreja dos negros. Suspendi a missa, porque não tinha como, não era horário para fazer o protesto”, afirmou o padre.