O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (16/2) que as Forças Armadas são “fiadoras” do processo eleitoral. Mais cedo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou as perguntas formuladas pelo Exército, pela Marinha e pela Aeronáutica e as respostas elaboradas pela área técnica da Corte sobre o processo eletrônico de votação.
“Estou aguardando — todo o Brasil está aguardando — o que as Forças Armadas dirão sobre a resposta do TSE. Se procede, se o TSE tem razão ou se não tem razão e o porquê. E os próximos passos serão dados pelas nossas Forças Armadas”, disse o presidente durante entrevista à Jovem Pan News.
O documento estava em sigilo, por convenção da Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), instalada pelo TSE em setembro de 2021. No entanto, diante de vazamentos, além de diversas perguntas do presidente Jair Bolsonaro sobre o tema, a Corte resolveu liberar a íntegra do conteúdo.
As Forças Armadas fizeram 74 questionamentos à Justiça Eleitoral, entre perguntas e pedidos de documentos relacionados à eleição. A resposta aos militares inclui anexos que complementam as explicações desenvolvidas pela Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do TSE.
Justiça Eleitoral reafirma segurança
Nas perguntas, as Forças Armadas não identificaram problemas nas urnas. No entanto, solicitaram uma série de informações sobre a política de segurança da informação. O TSE respondeu com dados e normativos.
Os militares fizeram perguntas sobre antivírus e política de backup. Em resposta, o TSE reafirmou a segurança das urnas e apresentou documentos e vias de acesso a eles.
“O TSE aprimora rotineiramente seus procedimentos. A cada ciclo eleitoral os sistemas são atualizados, aprimorados e, antes de serem submetidos à assinatura digital e lacração, passam por baterias de testes locais, testes em campo, testes de desempenho e simulados nacionais que garantem o pleno e bom funcionamento desses”, afirmou a Corte em uma das respostas.
Bolsonaro: TSE comprovou que urnas são violáveis
Ainda na entrevista desta quarta, o presidente Jair Bolsonaro voltou a pôr em xeque a segurança das urnas eletrônicas ao dizer que o ministro Edson Fachin, futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), “comprovou” que o sistema eleitoral brasileiro não é confiável e pode ser violado. O chefe do Executivo federal comentou a preocupação da Justiça Eleitoral sobre uma “guerra contra a segurança no ciberespaço”.
Nessa terça-feira (15/2), o futuro presidente do TSE, ministro Luiz Edson Fachin, disse que o Brasil sofre riscos de ataques de diversas formas e origens. O ministro chegou a citar a Rússia como exemplo: “A preocupação com o ciberespaço se avolumou imensamente nos últimos meses, e eu posso dizer a vocês que a Justiça Eleitoral já pode estar sob ataque de hackers, não apenas de atividades de criminosos, mas também de países, tal como a Rússia, que não têm legislação adequada de controle”, disse.
Bolsonaro, que está em Moscou, na Rússia, definiu as declarações do ministro como uma “acusação”. “É triste e é constrangedor para mim, que estou em solo russo, receber acusação de como se a Rússia se comportasse como um país terrorista digital”, afirmou.
“O próprio ministro Fachin acaba de comprovar, no meu entender, que ele não tem confiança no sistema eleitoral. […] Eu não sei porquê esse desespero gratuito a um país – no qual o chefe de Estado brasileiro está presente -, como se aqui fosse um país que viesse a participar de forma criminosa em eleições no Brasil. Se o sistema eleitoral é inviolável, por que isso é preocupação? Acabaram de comprovar que existe a possibilidade de [a urna] ser violada”, prosseguiu o presidente.