O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), confirmou que embaracará para o Chile no próximo dia 9 de março. O general substituirá o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse, em janeiro, não se interessar em ir à posse de Gabriel Boric, da coalizão esquerdista Aprovo Dignidade, eleito presidente do Chile em dezembro.
O evento de posse está marcado para 11 de março, mas Mourão e comitiva embarcarão para o país antes, na próxima quarta-feira.
Em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), o general designou 11 funcionários do gabinete da vice-presidência para o escalão avançado para as nas cidades de Santiago e Valparaíso. Os funcionários serão submetidos a testes de Covid-19, que foram comprados pelo órgão para eventuais viagens internacionais.
A vitória oficial de Gabriel Boric foi anunciada no dia 19 de dezembro de 2021. Quatro dias depois, em uma nota oficial publicada no portal do governo federal, Bolsonaro saudou o novo presidente do país. No entanto, em entrevista concedida à Gazeta Brasil, o mandatário disse que não compareceria, mas não informou quem iria.
“Eu não sou de criar problemas com a relação internacional. O Brasil vai muito bem com o mundo todo. Você vê, quem é que vai na posse do novo presidente do Chile? Eu não irei. Vê quem vai”, disse o presidente na ocasião.
Boric, por sua vez, reagiu aos cumprimentos enviador pelo governo brasileiro. O líder chileno disse que, claramente, ambos os mandatários são muito diferentes.
Presidente de esquerda
Candidato da aliança Apruebo Dignidad (Aprovo a dignidade), Gabriel Boric será empossado como presidente do Chile após derrotar José Antonio Kast. O candidato de extrema-direita perdeu o pleito após o concorrente obter 55,87% dos votos.
Morador da região de Magallanes, no sul do país, e descendente de imigrantes croatas, Boric é bacharel em direito pela Universidade do Chile. Ex-líder estudantil, atuou como deputado e foi um dos fundadores da coalizão política Frente Ampla. Ele terá trabalho para unificar um país polarizado.
Com 35 anos, será presidente mais jovem da história do Chile. Nascido em 11 de fevereiro de 1986, Boric é filho de Luis Javier Boric e María Soledad Font. Ele fez sua campanha calcada no discurso da “esperança” e defendendo representar o anseio por mudanças, com a promessa de fortalecer um estado de bem-estar social no país.
Posses na América do Sul
Por falta de alinhamento ideológico, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem se distanciado de chefes de Estado de nações latino-americanas. O afastamento se reflete na ausência em cerimônias de posse de presidentes de países vizinhos.
Das oito cerimônias de posse de nações da América do Sul ocorridas durante seu mandato, Bolsonaro marcou presença em apenas duas e faltou a seis, o que representa um percentual de abstenção de 75%.
Entre as seis posses, o levantamento do Metrópoles contabilizou uma que vai ocorrer no próximo mês: a do presidente eleito do Chile, o líder de esquerda Gabriel Boric, marcada para 11 de março. Bolsonaro já avisou que não deve viajar ao Chile para a posse de Boric, que derrotou nas eleições de dezembro o candidato de ultradireita José Antonio Kast, apoiado por bolsonaristas.
Em seu lugar, Bolsonaro escalou o vice, Hamilton Mourão (PRTB), para representá-lo no Chile. Foi assim também com o peronista Alberto Fernández, na Argentina, e com o socialista Pedro Castillo, no Peru. Nas eleições argentinas, Bolsonaro expressou claro apoio ao então mandatário, o liberal Mauricio Macri, com quem possuía boa relação.