26/03/2022 às 07h07min - Atualizada em 26/03/2022 às 07h07min

Sem-teto dá sua versão ao flagra sexual que viralizou e garante que não houve estupro

O Correio ouviu a versão de Givaldo Alves, que no último dia 9, foi espancado ao ser flagrado fazendo sexo com mulher de personal dentro de um carro, em Planaltina. Ele alega que relação foi consentida

Dos dias errantes na rodoviária de Planaltina a um dos assuntos mais comentados nas redes sociais em todo país. Givaldo Alves, 48 anos, ficou conhecido ao ser flagrado, no último 9 de março, mantendo relações sexuais com uma mulher, dentro de um carro, em Planaltina, e ser descoberto pelo marido dela, um personal trainer, que reagiu com violência, acusando-o de estuprar a esposa dele. Givaldo chegou a ser internado por conta das agressões, mas, recuperado, e, atualmente, vivendo em um abrigo da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), ele tem dado sua versão sobre o episódio.
 
Ao Correio, ele negou com veemência que tenha se aproveitado da mulher. Isso porque, quando o assunto veio a público, o personal informou que a mulher estava em surto e passava por problemas psicológicos. "Eu não tenho medo de nada, porque eu não fiz nada. Minha família está preocupada achando que eu vou morrer aqui em Brasília, mas do nada eu resolvi falar mesmo do jeito que estou (machucado). Não tenho o que temer porque eu sei que não fiz nada do que estão falando, e as câmeras de segurança vão provar", garantiu Givaldo, que vive em situação de rua.
 
Ele afirma que no dia em que tudo aconteceu seguia para um rio, próximo a rodoviária da cidade, onde tomaria banho. No caminho, ele afirma que encontrou duas mulheres segurando bíblias e rezando pela vida de quem solicitasse. "Nesse momento eu encontrei a moça que está comigo na mídia, e uma mulher mais velha que ela. Eu pedi que elas rezassem por mim. Elas fizeram isso, me deram uma bíblia que acabei colocando na bolsa, e segui meu caminho. Quando terminei o banho voltei para o centro de Planaltina e fui abordado pela moça na rodoviária", diz Givaldo.
 
A abordagem teria sido insistente, segundo ele, e só teria parado após ser interpelado repetidas vezes. Ele então reconheceu a mulher que havia encontrado antes, mas que estaria com roupas diferentes. "Eu fiquei em dúvida se estava me chamando mesmo. Então eu perguntei como eu poderia ajudar, e quando ela me alcançou, falou que queria namorar comigo", contou.
 
Incrédulo, Givaldo teria respondido que era "morador de rua e que não teria nada a oferecer". Mesmo assim, ela teria afirmado que não queria dinheiro, mas namorar. "Novamente eu falei para ela que não tinha dinheiro, e que mesmo andando limpo, eu não tinha nada e nem dinheiro para pagar um hotel. Nesse momento, ela perguntou se o ato sexual não poderia acontecer no carro dela. Aí eu disse, que se ela nunca tinha calado um homem, alí ela tinha conseguido. Ainda bem que tudo aconteceu em ambiente público, porque se não fosse assim, eu estaria ferrado", falou.
 
Caminho
Em situação de rua há um ano e dois meses, Givaldo contou que decidiu sair de casa depois que terminou um relacionamento. O objetivo dele era chegar em Goiânia para encontrar a irmã. Porém, ele acabou vivendo como errante e passou pelos estados do Tocantins e Minas Gerais, antes de chegar ao Distrito Federal.
 
Ele afirma que não imaginava que o suposto encontro causasse tanto alvoroço e sustenta que, no interior do veículo, os dois conversaram bastante, e trocaram informações sobre a sua família, que teria mostrado foto da filha, de 28 anos, que mora em São Paulo. Após o bate papo, ele perguntou se ela estava mesmo com vontade de namorar, pois se sim, a dupla teria que encontrar um local mais reservado. "Quando acabamos o ato, ficamos abraçados e do nada um homem chegou esmurrando o vidro do carro", lembrou. Foi nesse instante que Givaldo começou a viver o que diz ser um "pesadelo".
 
"Eu vi o cara passar pela frente do carro. Quando ele chegou na porta do motorista, me coloquei de pé do lado de fora, e questionei o que estava acontecendo. Nessa hora eu levei uma sessão de socos tão grande da cabeça para baixo, que só consegui fechar a porta e sentar. Eu pedi para ela jogar a minha calça, e ninguém trocava uma palavra, eles não falavam nada. Por isso só passei a calça no rosto, me vesti e fui pedir ajuda no hospital, porque eu não conseguia mais ficar em pé. Minha vida mudou a partir daí", afirmou Givaldo.
 
Apesar da situação em que não se julga culpado, ele afirma que não tem raiva do marido, que teria agido por impulso. "Eu nunca estuprei ninguém e nunca faria isso. Não preciso agir com subterfúgio. Olhem as câmeras. Eu estive em um carro vermelho, no final da tarde, e nunca me bateram enquanto eu estava no chão. Os socos que eu tomei eu estava de pé. Quando ela disse que nós estávamos na porta de sua casa, eu só não entendi. Uma coisa que você não faz, você não tem o peso e eu acredito muito na justiça. Gosto muito dela, e o marido só não sabe o que fez", revelou Givaldo, ao explicar sobre o que tem sido veiculado na mídia.
 
Até o momento, o morador de rua não compareceu à delegacia e não possui contato com o casal. A 16ª Delegacia de Polícia investiga o caso.

 
 
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