Com público de aproximadamente 250 servidores e 70 convidados, a terceira turma de médicos, enfermeiros e odontologistas iniciou o Curso de Capacitação de Conversão em Saúde da Família – Modelo Estratégia Saúde da Família, nesta sexta-feira (19). Com o novo grupo, a Secretaria de Saúde totaliza aproximadamente 600 servidores em treinamento para fortalecer a atenção primária, que funcionará exclusivamente nesse molde.
Na abertura do evento, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, defendeu que é importante oferecer saúde com qualidade para a população, em tempo oportuno, que permita a prevenção e cuidados médicos no tempo certo.
"Por isso, a organização da Estratégia Saúde da Família é promovida com a expectativa de continuar com consultas agendadas para acompanhamento de pré-natal de gestantes, desenvolvimento das crianças e jovens, bem como para os adultos. Mas também vamos atender as demandas espontâneas com a agenda aberta em situações como uma dor de garganta, em que o paciente precisa ser atendido naquele momento", disse.
Fonseca enfatizou que o modelo ESF é recomendado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "Temos corpo funcional qualificado, mas hoje precisamos de mudanças. Não há como melhorar sem mudar. Temos convicção de que esse é o modelo para o qual melhor alocamos recursos públicos, porque tem maior resolutividade para a população", disse. Fonseca lembrou que essa é uma das maiores mudanças propostas nos últimos anos para fortalecer os serviços de saúde.
O secretário adjunto, Daniel Seabra, salientou que as transformações foram baseadas em informações que demostram que hoje as unidades não conseguem atender a população com qualidade. "Os dados são bastante claros. A quantidade de pessoas com classificação de risco verde e azul nos hospitais é muito alta. No Hospital Materno chega a 80% e a média geral no DF atinge 63%. Esse nível de atenção não deveria ser prestado nos hospitais", observa.
Segundo ele, a grande concentração de pessoas que buscam atendimento nos hospitais e Upas pode ser redirecionada para as 173 Unidades Básicas de Saúde (UBS). "Se as pessoas preferem procurar os hospitais, é porque o acesso às outras unidades não é suficiente. Por isso, precisamos buscar outras alternativas", disse.
Seabra disse ainda que as doenças crônicas são causa de diversos agravos quando não tratadas corretamente na atenção primária. "Hoje, temos um aumento de 10% ao ano de pacientes renais crônicos advindos de quadro de pressão alta e diabetes, que poderiam ser controlados em sua grande maioria", ressaltou.
CURSO - Realizado em parceria com a Escola de Aperfeiçoamento do Sistema Único de Saúde (Eapsus), que é ligada à Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, o primeiro módulo é composto de 20 horas, sendo que as turmas são formadas por profissionais das sete regiões de saúde.
Após essa fase, os profissionais receberão o restante do treinamento teórico, que soma um total de 110 horas, na região onde atuam. A capacitação incluirá outros temas, entre eles, saúde da criança, saúde da mulher e doenças crônicas.
Também será abordado como proceder com as demandas espontâneas que incluem casos como faringite, dor de cabeça, gripe. Esses pacientes atualmente procuram os hospitais, mas podem ser atendidos na atenção primária, já que não são graves.
Outras 110 horas do curso, totalizando 220, serão ministradas com aulas práticas. Com isso, a perspectiva é formar 155 novas equipes com os 600 profissionais, que ampliarão a cobertura da ESF no Distrito Federal de 32% para 52%.