17/04/2022 às 07h40min - Atualizada em 17/04/2022 às 07h40min

Em nova estratégia, Bolsonaro estimula disputa entre militares e TSE

Além de criticar a Corte eleitoral por acordo com o WhatsApp, presidente tenta transformar em disputa a cooperação entre militares e TSE

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou para trás a frágil trégua que vinha mantendo com o Poder Judiciário e voltou a criticar abertamente o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seus ministros. Além de fustigar a Corte eleitoral por causa do acordo com o WhatsApp, que ele tenta reverter, Bolsonaro estimula um clima de disputa entre o órgão e as Forças Armadas, tendo como pano de fundo a organização das eleições deste ano.
 
A estratégia ficou evidente na última edição da live semanal que o presidente transmite nas redes sociais. Na quinta-feira (14/4), Bolsonaro acusou o TSE de “carimbar como confidenciais” sugestões dos militares para aprimorar a segurança das urnas eletrônicas e voltou a colocar em dúvida a segurança do sistema de contagem dos votos.
 
“Os votos que são transmitidos para Brasília vão pra uma sala secreta. A contagem tem que ser pública, mas vai para uma sala secreta. Que continue indo pra sala secreta, só que o mesmo canal que leva para uma sala secreta vai levar pra outra sala aberta, onde estará ali Forças Armadas, a CGU, OAB e mais umas dez entidades que foram convidadas também pelo então presidente do TSE, ministro [Luís Roberto] Barroso”, cobrou o presidente.
 
Bolsonaro deu a entender ainda que o TSE estaria resistindo a acatar sugestões das Forças Armadas em relação à segurança das eleições e reclamou do adiamento, pela Corte, de uma reunião que havia sido pedida pelos militares.
 
Os militares, em sinergia com os anseios de Bolsonaro, estão insistindo em discutir questionamentos que enviaram ao TSE no início deste ano e que foram respondidos em fevereiro, num arquivo com 700 páginas de anexo.
 
A decisão de divulgar o material foi tomada em conjunto pelo então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, e pelos ministros Luiz Edson Fachin (atual presidente da Corte) e Alexandre de Moraes, que estará à frente do tribunal durante as eleições de outubro.
 
No TSE, as cobranças de Bolsonaro são vistas como uma reciclagem de polêmicas já explicadas. A Corte informa que uma reunião pedida pelos militares foi desmarcada devido a “choques de agenda” e lembra que está marcada, para o dia 25 deste mês, reunião da Comissão de Transparência das Eleições, da qual as Forças Armadas fazem parte.
 
Críticas como as feitas por Bolsonaro têm circulado em grupos bolsonaristas de aplicativos como WhatsApp e Telegram.


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