Em um mesmo dia e por meio de dois interlocutores, a deputada Flávia Arruda (PL) mandou para o governador Ibaneis Rocha (MDB) o mesmo recado: está difícil, muito difícil para ela segurar as pressões para que se candidate ao governo do Distrito Federal.
Até ontem, Ibaneis não havia respondido ao recado, e segue o baile. O plano original de Flávia e do seu marido, o ex-governador José Roberto Arruda, era que ela fosse candidata ao Senado na chapa de Ibaneis, e daqui a 4 anos, à sucessão dele.
Para atrapalhar o plano, entrou em cena a ex-ministra da Mulher e dos Direitos Humanos Damares Alves, também candidata ao Senado. Damares foi lançada pelo Partido Republicanos a quem fora prometida a vaga de primeiro suplente de Flávia.
Quem traiu o Republicanos, se o casal Arruda ou se Bolsonaro que quer Flávia para o governo porque não confia em Ibaneis, não se sabe, ou não sei. Sabe-se que o empresário Fernando Marques, dono da União Química, deverá ser o primeiro suplente de Flávia.
Marques é amigo de Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil. Tem negócios com o Ministério da Saúde. Esteve por trás da operação abortada da compra da vacina russa Sputnik contra a Covid-19. É também próximo de Bolsonaro e dos seus filhos.
A eleição para o Senado tem um turno só. Com vários candidatos, e sendo disputada uma única vaga como será este ano, quem obtiver 35% dos votos estará eleito. Para governador, a eleição se decide em segundo turno. Elege-se quem tiver 50% mais um dos votos.
O casal Arruda, a levar-se em conta a rejeição do marido, acha, e com razão, que seria mais fácil para Flávia eleger-se senadora este ano. Ao mandar recados para Ibaneis, na verdade pede ajuda para livrar Flávia das pressões que ela sofre para disputar o governo.
O baile ainda será dançado por mais algumas semanas. Todas as partes blefam muito. Se o Republicanos receber algum tipo de compensação, poderá largar Damares de mão, deixando o espaço livre para Flávia se eleger senadora. Se isso não acontecer…
Flávia poderá ser candidata a deputada federal para não correr o risco de ser derrotada por Ibaneis. Em silêncio, mantém-se o senador José Antônio Machado Reguffe (União Brasil). Ele pode ser candidato à reeleição, embora seu coração bata pelo governo.
Reguffe não tem pressa. Nas eleições de 2018, Ibaneis só anunciou sua candidatura ao governo no dia 2 de agosto. Apenas na última semana de julho, Leila do Vôlei (PDT) e Izalci Lucas (PSDB) anunciaram que seriam candidatos às duas vagas no Senado.
Os três foram eleitos.