A cúpula do Ministério da Defesa se irritou com declarações do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) dadas nessa 2ª feira (16.mai.2022) durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. O congressista disse não haver possibilidade de os militares apoiarem eventual golpe e afirmou ter tido encontros com as Forças Armadas, nos quais não haveriam criticado o processo eleitoral.
A Defesa se surpreendeu com a menção de Pacheco, avaliou que o senador busca protagonismo e negou internamente qualquer reunião para discutir o processo eleitoral. Procurada, a assessoria do senador não respondeu à reportagem. O espaço segue aberto.
O presidente do Senado declarou na entrevista que as Forças Armadas não apoiariam uma tentativa de golpe de Estado. Ele negou que tenham “papel de moderação”, como a leitura que alguns bolsonaristas fazem do artigo 142 da Constituição.
“Tive alguns encontros com Exército, Marinha, Ministério da Defesa. Todos com uma relação cordial e constitucional. Não houve, em nenhuma hora, crítica veemente [ao processo eleitoral]”, disse Pacheco na entrevista dessa 2ª feira.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e o presidente do Senado se encontraram publicamente na Cerimônia do Dia do Exército, em 19 de abril, quando os 2 se cumprimentaram, mas não conversaram mais profundamente.
Irritou ainda a cúpula da Defesa a falta de apoio às sugestões feitas pelo Exército em março deste ano sobre o sistema eleitoral. As recomendações não foram acolhidas pelo TSE.
De acordo com a Corte, contribuições para o processo eleitoral só poderiam ser feitas até 17 de dezembro de 2021. A lista foi enviada em 22 de março deste ano. Já o prazo para mudanças nas regras das eleições terminou em 5 de março.
O ofício com as respostas foi encaminhado a todos os integrantes do CTE (Comissão de Transparência das Eleições) e do OTE (Observatórios de Transparência das Eleições). A comissão foi criada pelo TSE em setembro de 2021 para discutir a transparência e a segurança das eleições. O Ministério da Defesa faz parte.
As recomendações do Ministério da Defesa abordam 7 temas. São eles:
1 – nível de confiança do teste de integridade das urnas;
2 – processo de amostragem aleatório para seleção de urnas que compõem o teste de integridade;
3 – totalização de votos;
4 – fiscalização e auditoria;
5 – teste público de segurança
6 – verificação de irregularidades nos testes de integridade;
7 – duplicidade entre abstenção e voto.