Cerca de 18 armas foram apreendidas na casa de um dos auditores fiscais do DF Legal presos na manhã desta sexta-feira (20/5), no âmbito da Operação Ludíbrio, deflagrada pela Delegacia de Repressão à Corrupção (DRCOR).
“Encontramos algumas armas que não eram legalizadas. Fomos cumprir o mandado e nos deparamos com um arsenal, digamos assim, devido à quantidade de armamento apreendido. A origem não foi comprovada, não estão devidamente registradas”, explica o delegado que conduziu as investigações, Gabriel Oliveira Eduardo.
As armas estavam na casa do auditor da ativa, em Taguatinga. “O proprietário dessas armas, além de ter sofrido as buscas, foi preso em flagrante”, revela o delegado. Segundo os agentes, o servidor alegou ser atirador, mas não conseguiu comprovar e não tinha posse dos objetos.
O homem preso em flagrante — que não teve a identidade divulgada — faz parte do suposto grupo criminoso suspeito de fraudar fiscalização de terrenos e imóveis do Distrito Federal. Entre os investigados, há ainda outro auditor fiscal do DF Legal, também preso.
A ação conta com o apoio da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) e do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
Segundo a PCDF, após receber denúncias anônimas, a corporação identificou diversas provas que indicam que os investigados receberiam ou cobrariam vantagens indevidas para não fiscalizar determinados imóveis e pessoas; emitir indevidamente autorizações diversas, como alvarás de construção e cartas de Habite-se; reduzir ou extinguir, ilicitamente, débitos e taxas; cancelar, irregularmente, autos de infrações, embargos e interdições; repassar informações sigilosas sobre data e local de ações fiscalizatórias; entre outros.
“Clientes”
Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em diversas regiões do Distrito Federal, assim como em Alexânia (GO), no Entorno, e Goiânia (GO). E três mandados de prisão temporária, expedidos em desfavor do núcleo principal de investigados, composto por dois auditores fiscais e uma terceira pessoa, responsável por captar “clientes” e fazer a intermediação das negociações com os servidores públicos, enquanto estes, de fato, executavam as ilegalidades. Os “clientes” identificados até o momento também foram alvo de buscas.
Apurou-se, ainda, que um dos auditores investigados está aposentado. Porém, apresentava-se como se da ativa fosse, a fim de praticar as fraudes. Dessa forma, os suspeitos podem responder pelos crimes de associação criminosa, concussão, corrupção, entre outros que devem ser apurados minuciosamente. Somadas, as penas podem chegar a 27 anos de prisão.
A Secretaria da DF legal colaborou com a Polícia Civil durante as diligências.
Ludíbrio
A Operação Ludíbrio, da qual participaram 100 policiais, foi assim batizada em razão de o termo ser sinônimo de “engano” e de “burla”, já que ficou constatado que os investigados, de má-fé, ludibriam as ações fiscalizatórias estatais.
O outro lado
Em nota, a secretaria DF Legal informou “que cooperou desde o primeiro momento com todas informações”. Acrescentou que “não coaduna com nenhum tipo de irregularidade e é pautada pela transparência e honestidade de seu trabalho para a população do Distrito Federal”.
A pasta destacou que um processo foi instaurado na Corregedoria para apurar os fatos no âmbito administrativo.