O Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Corregedoria Interna da Polícia Militar prenderam, até o momento, nove dos 11 PMs que são alvos da Operação Mercenários, deflagrada na manhã desta quinta-feira (26). Os policiais, segundo investigações, são acusados por corrupção, tortura, peculato e concussão — quando um funcionário público usa o cargo para obter vantagens indevidas. Entre os investigados, está o comandante do 15º BPM (Duque de Caxias), o tenente-coronel André Araújo de Oliveira. Os agentes ainda cumprem 35 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados. Até o momento, apreensões somam R$ 253 mil em dinheiro e tem ouro, armas e cadernos de contabilidade.
Um dos endereços das buscas é o batalhão de Duque de Caxias. O tenente-coronel André Araújo de Oliveira foi afastado e contra ele havia mandados de busca e apreensão. Às 9h05, em um carro do Ministério Público, ele chegou à unidade para acompanhar a operação no local.
O chefe do Serviço Reservado (P2) do batalhão, o capitão Anderson Santos Orrico, também é um dos investigados e contra ele há mandados de busca e apreensão. Na casa do policial os agentes retiveram R$ 96 mil e na sala dele no batalhão foram encontrados mais R$ 37 mil.
Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), o grupo sequestrava criminosos mediante tortura e pagamento de resgate, vendia armas, vazava operações e fazia troia, uma espécie de tocaia para surpreender traficantes. Os mandados foram expedidos pelo Juízo da Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Rio.
As investigações tiveram início a partir da análise de dados do aparelho celular do denunciado Adelmo Guerini, apreendido durante a operação Gogue Magogue, realizada em agosto de 2020 para desmantelar um grupo miliciano que explorava o serviço de mototáxis na comunidade Asa Branca, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. A partir dos dados extraídos do aparelho, verificou-se que policiais militares lotados no Grupamento de Ações Táticas (GAT), do 24º BPM (Queimados), e na P2 (Seção de Inteligência da Polícia Militar) do 21º BPM (São João de Meriti), valendo-se da função desempenhada nos batalhões, integraram organização criminosa para cometer os crimes.
Adelmo e os denunciados Mário Paiva Saraiva, Antonio Carlos dos Santos Alves, Denilson de Araújo Sardinha, Weliton Dantas Luiz Junior, Francisco Santos de Melo, Marcelo Paulo dos Anjos Benício e Vitor Mayrinck, integravam a equipe Delta do GAT do 24º BPM (Queimados). Segundo o Ministério Público, o grupo buscava "obter vantagens indevidas, através de acertos de propina com criminosos, em especial traficantes. Quando o acerto não era realizado, os denunciados realizavam atos de violência, através de extorsões, torturas e homicídios, além de desviar parte ou a integralidade de materiais ilícitos apreendidos que, muitas vezes, sequer eram apresentados à autoridade policial".
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Em fevereiro de 2020, André Araújo, então subcomandante do 24º BPM assumiu o comando do 21º BPM, levando consigo parte do grupo para formar a P2 do batalhão, cujo chefe era Anderson Orrico. "A partir deste momento, o esquema criminoso existente no GAT do 24º BPM foi copiado e implementado no 21º BPM, com seus integrantes passando a contar com informantes e arrecadadores de propina próprios", destacou a promotoria. Ainda segundo o MP, "com isso, passaram a fazer parte da organização criminosa outros cinco policiais militares: Marcelo Leandro Teixeira, Oly do Socorro Biage Cei de Novaes, William de Souza Noronha, Fabiano de Oliveira Salgado e Thiago Santos Cardoso".
Atualmente, André Araújo estava no comando do 15º BPM (Duque de Caxias), sendo Anderson Orrico o chefe da P2 do mesmo batalhão. Mario Paiva Saraiva, Antônio Carlos dos Santos Alves e Denilson Sardinha integram o GAT do 15º BPM. O GAECO está cumprindo mandados de busca e apreensão nos endereços vinculados aos dois primeiros, com o objetivo de obter provas acerca da participação deles nos crimes denunciados.
Armamento, ouro e caderno de anotações de contabilidade encontrado na casa do PM Antônio Alves Santos Foto: Reprodução
Arsenal encontrado na casa de PM
Na casa do policial militar Antonio Carlos dos Santos Alves, os promotores do MP encontraram um verdadeiro arsenal. Ele guardava diversos fuzis, dezenas de munições, pistolas, rádios transmissores. Além de cadernos com anotações, algemas, cordões e anéis, aparentemente de ouro, e até uma blusa e um boné com emblema da Polícia Civil do Rio. Ainda foram apreendidos R$ 120 mil em dinheiro.