A Justiça de Mato Grosso decretou há pouco a prisão do ex-comandante geral da Polícia Miltar, coronel Zaqueu Barbosa, e o cabo Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior, por supostamente terem comandado um esquema de escutais ilegais nos últimos anos. A decisão é do juiz da 11ª Vara de Crimes Militares, Marcos Faleiros, e está em segredo de justiça.
O esquema foi revelado no último dia 14 deste mês durante reportagem exibida pelo Fantástico (Rede Globo) que mostrou que dezenas de pessoas haviam sido grampeadas indevidamente no suposto esquema de arapongagem. Entre os alvos das escutas, estavam a deputada estadual Janaína Riva (PMDB); o advogado José Patrocínio, ex-coordenador da campanha do ex-vereador Lúdio Cabral (PT) ao Governo do Estado, em 2014; a ex-servidora comissionada do Estado Tatiana Sangali, que teria um relacionamento amoroso com o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques; o jornalista José Marcondes "Muvuca", além de outros servidores públicos, médicos e empresários.
A denúncia foi feita pelos promotores e ex-secretários de Segurança Pública, Mauro Zaque e Fábio Galindo. A Procuradoria Geral da República, eles argumentaram que o governador Pedro Taques (PSDB) teria cometido o crime de prevaricação ao ser informado do esquema de arapongagem em 2015 sem tomar nenhuma medida.
Zaqueu Barbosa deixou o comando da PM no final de 2015 após Zaque e Galindo comunicarem Taques. Já o cabo Correia assinou os relatórios do Núcleo de Inteligência da PM que solicitaram ao então juiz da Vara Criminal de Cáceres, Jorge Alexandre Martins Ferreira, a colocação de nomes de pessoas não investigadas como integrantes de uma quadrilha de traficantes que atuavam na região de fronteira.
As ordens de prisão de Zaqueu e Correira ainda não foram cumpridas pela própria Polícia Militar. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça, os militares assim que forem detidos presos serão encaminhados a audiência de custódia.
A audiência será fechada a imprensa, em cumprimento ao Código de Processo Penal. "O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades competentes", diz a legislação.
Em sua decisão, o magistrado explica que o esquema de grampos teve cunho político num desvio de função dos militares. "O suposto esquema tinha a a finalidade de espionagem política, escuta de advogados no exercício da sua função, jornalistas, desembargadores, deputados, médicos inclusive de amantes de poderosos", relata.