O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista exclusiva ao programa Alerta Nacional, da Rede TV!, nesta segunda-feira (30/5), que o Brasil teria estoque de combustível suficiente para 40 dias em um cenário de desabastecimento. Citou, ainda, a possibilidade de campanha para economizar diesel, caso essa circunstância venha a se concretizar.
“Não [temos risco de desabastecimento] ainda. Nós precisamos de refino. Se o mundo subir muito o preço dos combustíveis, não destilar lá fora, não refinar, pode faltar, não só para nós, para o mundo todo. Temos que importar gasolina e diesel, porque não temos capacidade de refino”, ressaltou o presidente.
A estimativa de 40 dias, no entanto, se refere somente ao que o Brasil tem em estoque. Cerca de 30% do total consumido é importado, o que não entra na conta.
Bolsonaro não poupou novas críticas à Petrobras durante conversa com o apresentador Sikêra Júnior, e afirmou que, “se tudo der certo”, a privatização da empresa levará 4 anos.
“Logicamente que vai ser um negócio complicado. Agora, o que não pode é a Petrobras ser uma semiestatal com um monopólio do Brasil. A Petrobras não passa por mim, ela é praticamente autônoma”, declarou.
O presidente também voltou a criticar os “lucros excessivos” da empresa: “A Petrobras tem seus problemas, mas não tenho como mandar lá. Temos que respeitar o livre mercado, mas a Petrobras abusa. A Petrobras não precisa desse lucro excessivo e, no momento, não tem qualquer responsabilidade, quer mais é arrancar dinheiro do povo”.
A entrevista foi gravada durante a visita do presidente a Manaus (AM), onde participou da Marcha para Jesus, no último sábado (28/5).
Bolsonaro afirmou também que busca trocar a direção da Petrobras para que os números da empresa sejam expostos ao público e deixem de ser uma “caixa preta”.
“Toda vez que eu faço qualquer coisa, a imprensa diz que eu estou interferindo. O tal do PPI, nós temos que saber a mecânica disso. Isso é do começo do governo [Michel] Temer”, disse.
“Crime e estupro”
Os novos ataques do presidente à Petrobras somam-se a declarações anteriores contra a empresa. No último dia 5, durante live nas redes sociais, o chefe do Executivo federal disse que é um “crime” e um “estupro” a empresa ter um lucro “abusivo” em períodos de crise. “Faço um apelo: Petrobras, não quebre o Brasil”, disse Bolsonaro, aos gritos.
A declaração do presidente foi feita momentos antes de a petroleira informar que registrou lucro de R$ 44,561 bilhões no primeiro trimestre deste ano — resultado 3.718,4% maior do que o lucrado no mesmo período do ano passado, quando a estatal faturou R$ 1,167 bilhão.
“Eu não posso entender, a Petrobras, durante crise da pandemia e a guerra lá fora, faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior que a crise. Isso é um crime, é inadmissível”, afirmou Bolsonaro.
“Vai quebrar o Brasil”
“O momento é de guerra. A gente apela para a Petrobras. Não reajuste os preços dos combustíveis. Vocês estão tendo um lucro absurdo. Se continuar tendo lucro dessa forma, e aumentar o preço dos combustíveis, vai quebrar o Brasil”, disse.
“Sei que [a Petrobras] tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem aumentar mais os preços dos combustíveis”, acrescentou Bolsonaro, com o tom alterado.