02/06/2022 às 05h31min - Atualizada em 02/06/2022 às 05h31min

Tragédia em Pernambuco: número de mortos devido às chuvas chega a 121

Três pessoas seguem desaparecidas no estado, que sofre com estragos causados pelos temporais desta última semana

O número de mortos em decorrência das fortes chuvas em Pernambuco chegou, nesta quarta-feira (1º/6), a 121. A tragédia já é a maior a atingir o estado.
 
O último corpo foi encontrado na Vila dos Milagres, no Barro, Zona Oeste da capital Recife, por volta das 22h30 de quarta-feira.
 
Cinco corpos foram localizados nesta tarde, em Limoeiro, Jaboatão e na capital Recife, e outros nove corpos que chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) foram identificados como vítimas das enxurradas.
 
Além das 120 vítimas, três pessoas seguem desaparecidas após deslizamentos na Vila dos Milagres, no Curado IV, e na comunidade do Areeiro, em Camaragibe. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil procuram uma pessoa que foi levada pela enxurrada em Paratibe, Paulista, na Região Metropolitana de Recife (RMR).
 
O número de desabrigados subiu para 7.312 pessoas, que estão em 66 abrigos distribuídos em 27 municípios.
 
Missões de resgate
A Marinha do Brasil atua desde o último sábado (28/5) no resgate de vítimas ilhadas em diferentes cidades da Região Metropolitana do Recife (RMR), como Jaboatão dos Guararapes. Além disso, os militares operam no fornecimento de suprimentos para as pessoas desabrigadas, como alimentos e água potável.
 
Desde terça-feira (31/5), um contingente de 150 pessoas da Marinha, além de seis embarcações e 12 viaturas, atua ao lado dos bombeiros para resgate de vítimas dos deslizamentos na Comunidade dos Milagres. Também dá apoio à Defesa Civil na instalação de lonas de proteção em áreas de risco na Comunidade de Lagoa Encantada.
 
Maior tragédia
A última triste atualização referente às chuvas e aos deslizamentos em Pernambuco faz dessa tragédia a maior desde 1975, quando Recife passou por uma cheia. Segundo testemunhas e registros da época, a cidade ficou submersa, e 107 pessoas perderam a vida.
 
Em número de mortos, a situação atual superou aquela dos anos 1970. A diferença, segundo o geógrafo e professor Osvaldo Girão, em entrevista ao G1, é a causa dos falecimentos. “Em 1975, muita gente morreu por problemas cardíacos, por contaminação de água e principalmente por afogamento”, analisa Girão.
 
Agora, segundo o especialista, mais da metade pode ter morrido por causa do movimento de morros e encostas.
 
Osvaldo Girão lembra que o número atualmente pode aumentar, uma vez que ainda há pessoas desaparecidas nas áreas atingidas. O impacto das chuvas e dos deslizamentos poderia ter sido maior, de acordo com o historiador Leonardo Dantas.
 
“Essas chuvas teriam sido muito piores se, em 1979, não tivessem começado o programa de proteção dos morros. Se não tivesse feito isso, a situação de Recife seria pior que a de Petrópolis (no Rio de Janeiro). O (Rio) Capibaribe recebeu água, mas as barragens do Carpina e do Goitá seguraram. Estão transbordando, mas não romperam”, lembra Dantas.
 
Previsão do tempo
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas têm risco muito alto para a ocorrência de alagamentos e inundações urbanas, segundo alerta do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
 
A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil (Inmet) é que as chuvas continuem até sábado (4/6). “Está tudo encharcado. Qualquer água que caia já vai provocando grandes transtornos”, pontua o meteorologista Olívio Bahia.


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