Bolsonaro: "Ô, ministros Fachin, Barroso e Moraes: pelo que se vê nas ruas comigo, é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno"
Mais uma vez questionado a lisura do sistema eleitoral brasileiro sem apresentar qualquer prova, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu, nesta segunda-feira (6/6), que integrantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem contabilizar votos nas eleições deste ano a partir de preferências pessoais.
"No meu tempo lá atrás, ganhava a eleição quem tinha voto dentro da urna. Agora, parece, quero que esteja errado, é um direito meu desconfiar, é um direito meu desconfiar, espero que não ganhe as eleições a quem tem amigo para contar o voto dentro do TSE", afirmou o presidente, em entrevista à TV Terraviva.
De acordo com Bolsonaro, o ministro Edson Fachin, presidente do TSE, "tudo faz" para que não haja transparência nas eleições. "Obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável", afirmou. "Espero que nada demais aconteça. Estamos trabalhando para que flua com normalidade as eleições", acrescentou, dizendo ainda que é seu "direito" desconfiar das urnas eletrônicas.
"Impossível não ter 2º turno"
Ao reiterar ataques ao sistema eleitoral brasileiro, às urnas eletrônicas e ao TSE, Bolsonaro também afirmou que é "impossível" não ter segundo turno ou ele não ganhar no primeiro turno as eleições deste ano. A declaração foi feita à TV Terraviva e em forma de recado aos ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, que compõem o TSE.
Recentes pesquisas de intenção de voto, no entanto, apontam para a possibilidade de o pré-candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, vencer as eleições já no primeiro turno. No Datafolha, o petista aparece com 54% dos votos válidos ante 30% de Bolsonaro nesta etapa da eleição.
"Ô, ministros Fachin, Barroso e Moraes: pelo que se vê nas ruas comigo, é impossível não ter segundo turno ou eu não ganhar no primeiro turno", declarou Bolsonaro.
Na mesma entrevista, Bolsonaro reiterou ataques a Fachin. "Foi o relator do processo que retirou o Lula da cadeia, e agora está à frente do TSE. Ou seja, um tremendo desgaste para retirar Lula da cadeia, está à frente do TSE e tudo faz para que não haja transparência, obviamente, no meu entender, para eleger o Lula de forma não aceitável no meu entender", declarou o presidente, que também não poupou os colegas de Fachin. "São três ministros que não querem transparência nas eleições. Eu não ataco a democracia".
Na entrevista, o chefe do Executivo voltou a defender temas caros ao bolsonarismo, como a exploração mineral em terras indígenas e o armamento da população, assim como criticou a possível aprovação de um novo entendimento sobre o marco temporal dentro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Debates
Sobre a participação em debates eleitorais no primeiro turno, Bolsonaro afirmou que ainda "estuda" a questão. "É uma questão de estratégia no primeiro turno. Vou deixar em aberto, esperar um pouco mais o que pode acontecer", declarou. "Lula vai fazer de tudo para não comparecer a debates", acrescentou.