25/05/2017 às 07h21min - Atualizada em 25/05/2017 às 07h21min

Protesto contra reformas e Temer reúne milhares de manifestantes no DF

Metrópoles

Manifestantes e PMs entram em confronto com PMs, quebram prédios públicos e colocam fogo no Ministério da Agricultura.
 
O protesto contra as reformas da Previdência e Trabalhista e o presidente Michel Temer (PMDB/SP) terminou em confusão na Esplanada dos Ministérios. O clima esquentou por volta das 13h40 desta quarta-feira (24/5) quando um grupo de manifestantes tentou furar o bloqueio montado pela Polícia Militar na altura do Palácio da Justiça. A situação fugiu ao controle duas horas depois, com ministérios depredados, incendiados e pessoas feridas.
 
Alguns manifestantes jogaram hastes de bandeiras, pedaços de madeira, cano de PVC e até uma bomba caseira nos policiais, que revidaram com gás de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. O clima é de guerra. De acordo com o último balanço divulgado esta tarde pela Secretaria de Segurança Pública e Paz Social, há 35 mil pessoas na Esplanada.
 
Diante da confusão, a cavalaria avançou contra os manifestantes que ocupavam o gramado da Esplanada, para dispersá-los. Há pessoas feridas. Por volta das 15h, os manifestantes continuavam jogando bomba caseira contra a polícia e gritando “fim da polícia militar” e “fora Temer”. Eles também lançavam pedras contra os militares. Viraram até os banheiros químicos, para que se servissem de barricadas.
 
Alguns ministérios foram depredados, como o do Trabalho, do Planejamento, das Minas e Energia e da Agricultura, que foi incendiado. Todos os ministérios foram evacuados. Os funcionários tiveram de deixar os prédios pelas garagens.
 
Um grupo de manifestantes também colocou fogo nos banheiros químicos. Quatro pessoas foram detidas pelos policiais, sendo três delas por porte de entorpecentes e porte de arma branca. Todos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade.
 
Um dos manifestantes, ao tentar atingir um policial militar com um rojão, teve ferimento na mão devido à explosão. O homem foi socorrido por populares. O Corpo de Bombeiros fez até há pouco dois atendimentos, entre eles um policial.
 
Os sindicalistas pediam, do carro de som, para que as pessoas que estão com rostos cobertos que tirem as máscaras. “Essa é uma manifestação pacífica”, disseram. Mesmo assim, um grupo ignorou os apelos e começou a jogar tudo o que encontrava pela frente nos policiais. Por volta das 14h, eles derrubaram a grade montada próxima ao Palácio a Justiça.
 
Para evitar mais confronto, os sindicalistas decidiram voltar com o carro de som para a Torre de TV.
Liderado por centrais sindicais, o protesto estava marcado para a partir das 14h. Mas, por volta do meio-dia, os manifestantes, que estavam concentrados próximo ao Estádio Mané Garrincha e da Torre de TV, começaram a descer pela Via N1, rumo ao Congresso Nacional.

 
Trânsito
As 12 faixas do Eixo Monumental estão interditadas. O trânsito nas proximidades está caótico. A Polícia Militar montou um cordão de isolamento na altura da Catedral de Brasília para revistar as mochilas dos manifestantes. Sindicalistas orientam aos participantes a retirarem os mastros das bandeiras. “Estamos de olho”, disseram, do alto do carro de som.


Para evitar possíveis invasões, a segurança da Presidência da República fechou os três acessos ao Palácio do Jaburu, residência oficial do presidente. Nem mesmo a circulação de pedestres ou da imprensa é permitida no local neste momento. A última vez que isso ocorreu foi no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando Temer, então vice-presidente, fez a solicitação à segurança.

Os manifestantes também não têm acesso à Praça dos Poderes. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Paz Social, eles terão de ficar no quadrilátero da região da Esplanada dos Ministérios, desde a Catedral à Alameda das Bandeiras, que fica em frente à entrada principal do Congresso Nacional.
 
Com isso, não podem se aproximar do Palácio do Planalto, do prédio do Supremo Tribunal Federal nem do Congresso. “A área é uma delimitação prevista no Protocolo Tático Integrado (PrTI), assinado, mês passado, por 48 órgãos do Distrito Federal, Congresso Nacional e Governo, não será permitida a presença de manifestantes na Praça dos Três Poderes. O protocolo estabelece esse espaço para os protestos de grande concentração público em Brasília”, explicou uma nota divulgada pela secretaria.
 
Ônibus
Até as 10h, foi informada a chegada de 500 ônibus trazendo pessoas para o protesto. A PMDF realizou abordagem à 6h na BR-080 (entrada de Brazlândia) em 53 ônibus ligados à CUT, transportando 2 mil pessoas aproximadamente, vindas de Goiânia (GO) e do Pará. Foram recolhidos saco com pedras, cano de PVC, hastes de madeira e um facão.

 
Na mesma rodovia, a Polícia Militar prendeu quatro homens. Eles foram levados para a sede do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade, pois portavam um punhal, canivetes e uma porção de maconha.
 
Jorge Bastos é diretor do Sindicato dos Agentes Penitenciários da Bahia e encarou 25 horas para vir à manifestação. Ele considera que a Reforma da Previdência é inconcebível. “Essa reforma é nefasta aos trabalhadores. Ainda mais em nossa categoria, que vive em um ambiente de alta periculosidade. Se ela for aprovada, morreremos antes da aposentadoria”, indigna-se.
 
A Reforma Trabalhista também é alvo de críticas. “Essas mudanças propostas por um governo golpista apenas irão tirar direitos conquistados. Acreditamos que somente a manifestação popular pode impedir essas reformas”, argumenta Ricardo Ferreira, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas.

O trânsito está fechado para veículos nos dois sentidos da via. Os acessos de ministérios e das vias L2 Sul e Norte à Esplanada também ficaram bloqueados. Como alternativa aos motoristas, a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF) recomenda a circulação pelas vias S2 e N2, localizadas atrás dos ministérios.
 
Escolas
Por conta da manifestação, o horário das aulas na rede pública de ensino do Distrito Federal vai ser reduzido nesta quarta. Tanto os alunos do turno matutino quanto os do vespertino vão ter aula das 7h30 às 10h.

 
O motivo é uma chamada do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) para que os docentes participem da marcha. A Secretaria de Educação contesta o Sinpro e disse que não existe acordo para a redução de horário do expediente. A pasta afirmou ainda que paralisações podem ocorrer, mas a decisão caberá a cada professor. As escolas que aderirem à paralisação deverão repor o dia letivo.
 
Policiais civis
O Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF) também vai participar do movimento contra a Reforma da Previdência (PEC 287/16), a partir das 13h. A concentração será na Praça da Torre de TV e a manifestação seguirá para a Esplanada dos Ministérios.

 
De acordo com o sindicato, mesmo com mudanças em relação à proposta original do governo federal, a reforma traz grandes prejuízos para a aposentadoria dos trabalhadores, sobretudo a dos policiais civis.
 
O texto propõe aumento do tempo de contribuição – 15 para 25 anos para mulheres e 20 para 25 anos para homens – e a não integralidade da aposentadoria para policiais em atividade a partir de 2013, o que significa, segundo o Sinpol, cerca de 25% do efetivo da Polícia Civil do DF na ativa.
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