A pressão para que o ex-governador Márcio França (PSB) desista de concorrer ao governo de São Paulo para apoiar o petista Fernando Haddad tem como maior obstáculo hoje um imprevisível candidato do campo bolsonarista: o apresentador de TV José Luiz Datena.
Após idas e vindas partidárias, Datena se filiou ao PSC em abril para ser candidato ao Senado na chapa do ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Jair Bolsonaro ao governo paulista.
Desde então, o apresentador tem aparecido em primeiro lugar nas pesquisas, bem à frente dos demais postulantes à vaga paulista de senador que estará em disputa na eleição deste ano. O desempenho é reflexo da alta popularidade de Datena, que apresenta diariamente em um programa popular na televisão.
A questão é que o PT quer que Márcio França abandone a disputa para o governo e saia candidato ao Senado na chapa de Haddad. O objetivo é ter um palanque único em São Paulo para a candidatura do ex-presidente Lula.
O assunto será discutido em uma reunião que está marcada para os próximos dias. França sabe que está isolado em seu projeto de concorrer ao governo, mas hesita em aceitar o plano petista e se lançar ao Senado porque sabe que será difícil superar Datena.
O pré-candidato do PSB tem monitorado o ânimo eleitoral do apresentador para ter certeza se ele será mesmo candidato ao Senado ou se irá desistir, como já ocorreu antes.
A resposta definitiva virá em breve. Por exigência da lei eleitoral, que obriga apresentadores de TV a deixarem seus programas três meses antes da eleição, Datena terá de sair do ar até o fim desta semana caso queira concorrer.
Nos bastidores, o que se diz é que o apresentador sairá de férias na data-limite e só baterá o martelo sobre a decisão de ser candidato no fim de julho, quando serão feitas as convenções partidárias que definem as chapas para a eleição. À coluna, Datena negou a estratégia. “Vou sair do ar porque sou pré-candidato e não para ganhar tempo. Simples assim”, disse.
Enquanto isso, Márcio França tenta ganhar tempo com o PT. E o PT, ainda sem saber como será o palanque de Lula no maior colégio eleitoral do país, também espera