26/05/2017 às 18h59min - Atualizada em 26/05/2017 às 18h59min

Eleição no Buriti será decidida pela rejeição do adversário

O próximo governador do Distrito Federal, ou de Brasília, como queiram, vai ser escolhido pela classe C.

Ricardo Callado

Na década passada, quando a polarização da política era entre vermelhos e azuis, os maiores determinantes do voto eram renda e escolaridade. Se fosse pelos mais escolarizados e de renda mais alta, os candidatos do PT não perdiam eleições no DF. Eram outros tempos.

 

As classes baixa e média, por ser maioria, davam a vitória ao grupo do ex-governador Joaquim Roriz.

 

A dicotomia foi encerrada com a inesperada união, em 2010, de Agnelo Queiroz (PT) e Tadeu Filippelli (PMDB), representantes dos dois grupos políticos.

 

Juntos, PT e PMDB conseguiram vencer a eleição com a derrocada do ex-governador José Roberto Arruda (PR), preso na Operação Caixa de Pandora.

 

Por coincidência, Agnelo e Filippelli estão presos. E juntos com Arruda, novamente levado as grades. Os três, na Operação Panatenaico. Isso mostra que a corrupção do Distrito Federal não tem ideologia.

 

O próximo governador do Distrito Federal, ou de Brasília, como queiram, vai ser escolhido pela classe C.

 

É nesse segmento onde a insatisfação é maior com os políticos. Se sentem enganados com os fatos de que vários de suas escolhas nos últimos anos foram caindo, um a um, em investigações de corrupção.

 

As classes média e alta têm a noção do que acontecem. E muitas dos escândalos políticos, antes de serem deflagrados, já são de conhecimento bem antes.

 

Muitos em Brasília já sabiam do esquema criminoso na construção do Mané Garrincha. E de outras tantas obras. O que faltava era uma ação da Justiça e da polícia.

 

A tática será derrubar candidaturas dos adversários. E isso vai se intensificar no segundo semestre deste ano, as vésperas das eleições de 18. Candidatos terão a personalidade e o caráter atacados excessivamente.

 

Nos tempos atuais, muitos evitam entrar na política para não sofrer esses tipos de ataques. Ter a sua imagem desconstruída.

 

Sobraram alguns candidatos, representantes da política tradicional. E alguns ainda devem ficar pelo caminho.

 

PMDB e PT mais uma vez estarão fora do protagonismo eleitoral.

 

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) tem o desafio de mostrar que o governo funciona. E, o mais importante, diminuir a sua rejeição.

 

Uma candidatura com mais cerca de 35% de rejeição tem dificuldade de vitória. Se passar dos 40%, as chances são mínimas ou quase nulas. Rollemberg, segundo pesquisas que circularam nos últimos meses, tem quase o dobro disso.

 

A rejeição alta é hoje o maior adversário de Rollemberg. E não se pode ser ingênuo de acreditar em eleição por WO. Sempre haverá um candidato que pode se viabilizar na disputa.

 

Hoje, os nomes que podem fazer frente ao governador são os deputados federais Izalci Lucas (PSDB) e Alberto Fraga, além do segundo colocado em 2014, Jofran Frejat (PR), que possuem um bom recall da eleição anterior.

 

A saída do presidente Michel Temer (PMDB) e um possível nome do PSDB no Planalto pode dar o impulso que Izalci precisa. É um dos nomes com menor rejeição e aposta nisso.

 

Fraga vai intensificar o discurso de oposição, apostando que os eleitores querem mudanças. Na prática, busca o voto estratégico daqueles que estão insatisfeitos com a atual situação política.

 

Frejat terá que convencer outros candidatos que o seu nome seria o mais viável, mas encontra resistência.

 

Outros políticos também trabalham nos bastidores e se apresentam como alternativas. Entre eles, os ex-deputados Eliana Pedrosa (sem partido) e Alírio Neto (PTB).

 

Como estão sem mandatos, não têm nada a perder. Ganham exposição na mídia e podem se viabilizar para outros cargos. Mas vai que dá certo, e o campo fica limpo. É o que aposta o grupo que está em volta de Alírio. Na política, a aposta tem seu ônus. Às vezes, bônus.

 

No próximo ano não haverá a bipolarização. A eleição será resolvida pela capacidade de alavancagem da rejeição do adversário. Vai depender, para o bem e para o mal, da qualidade das campanhas políticas dos candidatos.

 

A eleição está aberta, sem favoritos e ainda terá desdobramentos policiais na pré-campanha. E quem não agregar, ficará pelo caminho.


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