Enquanto a campanha eleitoral corre nas ruas, os candidatos ao Palácio do Planalto competem para conquistar a atenção dos eleitores nas redes sociais. Desde o início das convenções partidárias, presidenciáveis têm investido pesado em anúncios no Google e no YouTube. Só os quatro primeiros colocados nas pesquisas gastaram, juntos, R$ 1,7 milhão.
O clima da disputa reflete no conteúdo das propagandas veiculadas. Ciro Gomes (PDT), por exemplo, publicou vídeos se colocando como alternativa entre os adversários Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que ocupam os primeiros lugares nos levantamentos mais recentes de intenções de voto. “Não estamos falando mal dele [Lula], nem lhe criticando. Estamos pedindo apenas que você dê uma olhadinha de lado. Tá na hora de você olhar pro Ciro”, diz uma das peças.
O petista, por sua vez, pegou carona no assunto da redução dos impostos de suplementos alimentares, como o Whey Protein, adotada por Bolsonaro, e publicou uma filmagem malhando, como forma de alfinetar o principal oponente. As propagandas começaram a ser veiculadas no mesmo dia em que o atual presidente anunciou ter zerado o tributo.
A “guerra santa” para conquistar os eleitores religiosos também aparece entre os temas das publicações. Ciro investiu de R$ 6 mil a R$ 7 mil em um anúncio sobre seus valores cristãos. Já Lula impulsionou posts negando a informação de que fecharia igrejas evangélicas.
Ranking
Bolsonaro lidera o ranking de gastos com anúncios no Google entre os presidenciáveis, com R$ 801 mil, em 16 vídeos. As publicações do atual presidente foram veiculadas entre 22 e 24 de julho, às vésperas da convenção que formalizou sua candidatura pelo PL.
O investimento, inclusive, foi alvo de ação da Federação Brasil da Esperança (PT-PV-PCdoB) devido à disparidade de gastos em relação aos outros candidatos. O grupo de partidos também pediu que fosse indicada a origem dos recursos, a fim de investigar se houve mau uso do Fundo Partidário. Desde o evento, Bolsonaro não impulsionou outros conteúdos.
Em segundo lugar, aparece o ex-presidente Lula. Até essa quarta-feira (24/8), o petista havia aplicado R$ 740 mil no impulsionamento de 217 peças, entre vídeos e textos. As propagandas começaram a ser veiculadas no dia 16 de agosto, data de início da campanha eleitoral, e miram, principalmente, a região Sudeste. Lula investiu R$ 120 mil na exibição de publicidade para eleitores de São Paulo; R$ 47 mil em Minas Gerais; e R$ 46,5 mil no Rio de Janeiro.
Paraná e Bahia também estão no ranking do ex-presidente, com R$ 49 mil e R$ 48,5 mil. Bolsonaro visou mais os estados de São Paulo (R$ 105 mil), Pará (R$ 61 mil) e Paraná (R$ 56 mil).
O terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, Ciro Gomes, empregou R$ 129 mil em 25 anúncios. São Paulo (R$ 52,5 mil) e Rio de Janeiro (R$ 16,5 mil) foram os estados em que o pedetista mais investiu. Desde 16 de agosto, Ciro colocou cinco anúncios, no total de R$ 500. Simone Tebet e o MDB pagaram R$ 60 mil para veicular publicidades no Google e YouTube.
Estratégias
Nos conteúdos impulsionados no YouTube, Lula aposta em falar sobre a questão da fome, o Auxílio Emergencial, a educação e acerca dos temas mais gerais. Na tentativa de se aproximar dos jovens, uma das propagandas simula o streaming de um jogo, formato muito popular entre o público. A peça em questão foi veiculada para pessoas entre 18 a 34 anos.
O ex-presidente também tem publicações em que aparecem famosos, como o cantor Arnaldo Antunes e o ex-jogador Juninho Pernambucano.
Já os anúncios de Bolsonaro se concentraram no jingle de campanha, chamado Capitão do Povo, gravado pelos sertanejos Mateus e Cristiano.
Ciro investiu em conteúdos sobre o Programa de Renda Mínima, uma de suas principais propostas para o campo social. O ex-ministro também mirou em conquistar o eleitorado feminino, com vídeos sobre a candidata à vice-presidência, Ana Paula Matos, e outras lideranças femininas do PDT.
O MDB, de Simone Tebet, apostou em vídeos que apresentam o perfil da candidata e textos veiculados nos buscadores, em que aparecem propostas e destacam qualidades da senadora, como “Simone Tebet é Ficha Limpa”, “Chega de machismo”, entre outros.
O Google disponibiliza dados sobre as publicidades políticas exibidas nas plataformas do YouTube e no buscador. É possível consultar o valor investido, a segmentação de público, o alcance e o período em que a propaganda ficou no ar.