Na última semana, a organização de protestos para o 7 de Setembro ganhou fôlego. Outdoors nas ruas de Brasília reproduzem dizeres proferidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Em diversas vias movimentadas em Brasília (DF), há outdoors verde e amarelo com letras garrafais: “É agora ou nunca” e “Brasileiros pelo Brasil”. Nas redes sociais como Facebook, Instagram, WhatsApp, Tiktok e Telegram, o tom é o mesmo: “reagir”, lutar contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e contra “fraudes eleitorais”. Há ainda mensagens com tom de guerra: “Aliste-se aqui”, como se o comunicado fosse para soldados.
Os discursos se alinham com o mesmo empregado em 2021, quando atos antidemocráticos, ameaças a ministros, invasões de caminhões e gritos a favor do voto impresso tomaram conta da Esplanada dos Ministérios, das ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Há ainda similaridade com o discurso de Bolsonaro, que tem convocado a população para manifestações políticas no 7 de setembro. O presidente chamou seus apoiadores para “irem às ruas uma última vez em defesa pela democracia e pela liberdade”.
No Telegram, grupos com milhares de inscritos trazem a imagem do caminhoneiro Zé Trovão como patrono das manifestações. Há pedido de dinheiro para financiamento de protestos tendo como chave um Pix de “todospatriotas”. A religião também é usada com pedidos que as pessoas façam orações pelo Brasil, gravem vídeos e participem de protestos na Esplanada dos Ministérios.
As mensagens indicam como cada participante deve atuar. Em 11 sugestões de faixas diferentes, integrantes do grupo repetem as bandeiras de 2021: “Destituição dos ministros do STF em 72h” e “Sem voto impresso não podemos confiar”, entre outras.
Outdoors
Nas ruas de Brasília, onde ocorrerá o evento cívico de 7 de setembro, diversos outdoors foram espalhados com ultimatos à população. De acordo com matéria da Folha de S.Paulo, as peças publicitárias foram financiadas por um grupo bolsonarista ligado a ruralistas chamado Movimento Brasil Verde e Amarelo. Mesmo grupo que atuou fortemente nas mobilizações de 2021.
Caminhoneiros
Os caminhoneiros, que tiveram forte papel nos atos antidemocráticos de 2021, ficaram acampados na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e levantaram as bandeiras do governo, não confirmam, em 2022, participação com apoio de entidades. Consideram apenas que possa haver movimentos isolados de caminhoneiros autônomos, que tentam impulsionar a participação.
A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), o Sindicato Caminhoneiros Autônomos Ijuí RS, o Sindicato Caminhoneiros Três Cachoeiras RS) e o Conselho do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) não confirmam apoio às manifestações neste 7 de setembro.
“Não participo de nenhuma articulação desse tipo e até agora desconheço quem esteja articulando. Erraram no ano passado e o “chefe” deles abandonou a causa”, afirmou o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ijuí (SC), Carlos Alberto Litti Dahmer.
O representante da categoria José Roberto Stringasci, presidente da ANTB, disseque a manifestação pode receber apoio dos caminhoneiros se incluir os pleitos da categoria. “Só vou apoiar como brasileiro e representante da categoria se o pessoal que está organizando colocar nessa pauta uma mudança na política dos preços dos combustíveis”, afirmou ele ao MSN Notícias.
A previsão do setor de agronegócios no desfile cívico, com 27 tratores, como ato de apoio ao atual governo foi negado pelo Palácio do Planalto.
No Facebook, há grupos prevendo encontros em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.
Caravana
Há ainda quem deixará suas cidades de moradia para participar do 7 de setembro em Brasília. A 2ª Caravana da Integração Nacional, evento que ocorrerá no Parque da Cidade, em seu Pavilhão de Exposições, postou em suas redes sociais caravanas se deslocando para Brasília.
Nesse caso, o grupo já estipulou em suas regras gerais a participação no evento da Independência. Os organizadores disponibilizaram termos para que os participantes do evento sigam as regras da Secretaria de Segurança Pública do DF. Assim, todos estão cientes de que está proibida a entrada de caminhões ou qualquer outro veículo na Esplanada dos Ministérios.
Os veículos dos expositores ficarão no Pavilhão de Exposições com área coberta de 51 mil m². Após uma série de reuniões e planejamentos, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) decidiu que caminhões não poderão entrar na Esplanada dos Ministérios ou se aproximar do STF no 7 de setembro. A pasta coordena as ações de segurança para a data comemorativa.