A ordem na Procuradoria-Geral da República é deixar para depois das eleições as investigações sensíveis que envolvem governadores, apurou a coluna junto a fontes ligadas a Augusto Aras.
O temor é com a possibilidade de a PGR ser acusada de interferir no processo eleitoral dos estados, uma vez que vários dos governadores são candidatos à reeleição.
Como os chefes dos governos estaduais têm foro privilegiado e só podem ser investigados no Superior Tribunal de Justiça, a segunda Corte judicial mais importante do país, cabe à Procuradoria-Geral cuidar das apurações.
Vários dos governadores são alvo de inquéritos atualmente na PGR — alguns já são conhecidos e outros, que tramitam em sigilo, envolvem escândalos inéditos. Há casos que, quando vierem a público, tendem a fazer bastante barulho.
A orientação é para que os procuradores que atuam nas apurações sejam parcimoniosos neste momento da campanha e evitem ações ostensivas, como a deflagração de operações, por exemplo.
A orientação, diz uma fonte da PGR, vale tanto para governadores aliados do governo federal quanto para governadores ligados à oposição. Aras, como se sabe, se mostra leal ao presidente Jair Bolsonaro, mas tem laços históricos com partidos que estão do outro lado do espectro político, como o PT.
A PGR quer esperar os resultados das eleições para, em seguida, fazer uma triagem dos casos e, só então, tocá-los adiante. Aqueles que envolverem governadores não reeleitos serão enviados para a Justiça de primeira instância. Os demais seguirão no STJ, evidentemente, com acompanhamento da Procuradoria-Geral.