Dezessete ex-ministros do presidente Jair Bolsonaro (PL) estão disputando as eleições em 2022 – considerando auxiliares que ocuparam postos desde 2019. Desses, dois romperam abertamente com o bolsonarismo e não se colocam mais à sombra do mandatário: Sergio Moro e Luiz Henrique Mandetta, ambos do União Brasil. O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB-SP), candidato a deputado federal, explora coincidências com o governo, mas não vincula sua imagem 100% à do titular do Planalto.
Dos aliados que exploram a proximidade com o chefe do Executivo nacional e disputam cargos majoritários (de governador e senador), cinco têm colhido os louros pontuando bem em pesquisas. É o caso de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo; Onyx Lorenzoni (PL), postulante ao governo do Rio Grande do Sul; Tereza Cristina (MS), candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul; e Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos), que disputam a mesma vaga de senadora pelo Distrito Federal. Além deles, o ex-ministro Walter Braga Netto compõe a chapa à reeleição de Bolsonaro.
Tarcísio aparece em segundo lugar na corrida ao Palácio dos Bandeirantes, com chances de disputar o segundo turno contra o petista Fernando Haddad. Desconhecido e com poucos vínculos com terras paulistas, o ex-ministro conseguiu o feito de ultrapassar o atual governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB). De acordo com pesquisa Ipespe da última sexta-feira (9/9), Tarcísio tem 21%, atrás de Haddad (36%) e numericamente à frente de Garcia (16%).
Inicialmente acusado de esconder o presidente em sua campanha, Tarcísio passou a colar sua imagem à de Bolsonaro, reforçando sua lealdade ao “capitão”.
Situação semelhante ocorre no Rio Grande do Sul, com Onyx Lorenzoni (PL) em segundo lugar na disputa ao governo gaúcho. Conforme levantamento do instituto Real Time Big Data, Onyx tem 26% das intenções de voto e está tecnicamente empatado (dentro da margem de erro de três pontos percentuais) com Eduardo Leite (PSDB), com 31%.
Em Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina lidera com 41%, segundo pesquisa Real Time Big Data. Ela é seguida pelo ex-juiz federal Odilon de Oliveira (PSD), com 16%. Mandetta aparece na sequência, com 12%. Os demais candidatos têm, somados, menos de 10%. Os percentuais de brancos e nulos e de indecisos ainda são altos – 8% e 15%, respectivamente.
Bola dividida
Em uma bola dividida, Flávia Arruda (PL) e Damares Alves (Republicanos), postulantes ao Senado do Distrito Federal, disputam a mesma fatia do eleitorado bolsonarista.
Nas pesquisas, Flávia está à frente, com 31% dos votos, mas Damares subiu três pontos percentuais e chegou a 19%, segundo levantamento Ipec divulgado pela TV Globo na noite da última terça-feira (6/9). A terceira colocada, Rosilene Corrêa (PT), tem 9% da preferência do eleitorado brasiliense.
Enquanto Flávia Arruda tem a seu favor o ano que passou no comando da Secretaria de Governo, Damares conta com o forte apoio da primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro, que a escolheu abertamente nesse embate.
O presidente da República lavou as mãos em relação à disputa de suas aliadas. “Gosto muito da Flávia Arruda, minha ministra. E gosto muito também da Damares, ministra minha. E estou aí indeciso, na coluna do meio nesta questão. E falo a mesma coisa para o pessoal aqui do DF que eu falei para Minas Gerais: que Deus ilumine vocês aqui, para que escolham uma das duas”, disse o mandatário em entrevista à TV Brasília, na tarde de quinta-feira (8/9).
O trabalho em ministérios costuma render frutos eleitorais a seus titulares, e sempre foi explorado politicamente. A própria ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se viabilizou para a Presidência da República após comandar duas importantes pastas na gestão Lula: a Casa Civil e o Ministério de Minas e Energia.
A maioria dos ex-auxiliares de Bolsonaro é estreante nas urnas. Apenas cinco já ocuparam cargos eletivos: Rogério Marinho (ex-Desenvolvimento Regional), que foi deputado federal; Flávia Arruda (ex-Secretaria de Governo), atualmente deputada; Tereza Cristina (ex-Agricultura), deputada; Marcelo Álvaro Antonio (PL), deputado; e Luiz Henrique Mandetta (ex-Saúde), ex-deputado federal.
Dificuldades
Quatro bolsonaristas têm encontrado dificuldades na corrida por uma vaga. O ex-ministro da Cidadania João Roma (PL), postulante ao governo da Bahia, está em terceiro lugar, com 9% das menções, segundo o instituto Paraná Pesquisas. ACM Neto (União) tem chances de vencer em primeiro turno, com 52,9% das intenções de voto, contra 20,5% de Jerônimo Rodrigues (PT).
O astronauta Marcos Pontes (PL-SP) também não tem tido muito sucesso na disputa ao Senado. Com folga, o líder nas pesquisas é o ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB). Levantamento do instituto Paraná Pesquisas aponta França com 31,2% das intenções de voto, quase 15 pontos percentuais à frente do ex-ministro, com 16,4%.
Pontes conta com forte apoio da base bolsonarista. O deputado federal e campeão de votos Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atua em prol da candidatura do ex-auxiliar do pai.
No Rio Grande do Norte, o ex-chefe do Desenvolvimento Regional Rogério Marinho (PL) conta com 17% das menções e está na segunda posição, 10 pontos percentuais atrás de Carlos Eduardo Alves (PDT), com 27%.
Em Pernambuco, o estreante Gilson Machado (PL) vem crescendo, mas ainda está longe da dianteira. Na mais recente pesquisa Ipec, de setembro, o ex-titular da pasta do Turismo aparece com 9% das intenções de voto, mesmo percentual de Guilherme Coelho (PSDB). Teresa Leitão (PT) lidera a disputa, com 24%, seguida por André de Paula (PSD), com 10%, tecnicamente empatado com Coelho e Gilson.
O ex-ministro Sergio Moro – que comandou a pasta da Justiça e Segurança Pública por mais de um ano – disputa o Senado no Paraná, mas está atrás do atual senador Alvaro Dias (Podemos). Levantamento Paraná Pesquisas mostra o candidato à reeleição com 31,7% das intenções de voto, seguido por Moro, com 27,2%. Os dois estão tecnicamente empatados.
Cargos proporcionais
Cinco ex-ministros buscam uma cadeira na Câmara dos Deputados. O modelo tradicional de pesquisas não é capaz de retratar as disputas a cargos proporcionais (Câmara e Assembleias Legislativas Estaduais), em razão do grande número de candidatos.
São eles:
• Ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello (PL-RJ);
• Ex-ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS);
• Ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB-SP);
• Ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP); e
• Ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antonio (PL-MG).