Nesta segunda-feira (24), o The Wall Street Journal publicou um artigo de opinião sobre os movimentos da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação às notícias negativas sobre o candidato petista.
O texto, intitulado "Esquerda brasileira tenta amordaçar discurso político" (Brazil’s Left Tries to Gag Political Speech), foi escrito por Mary Anastasia O'Grady , membro do conselho do periódico.
O'Grady chama o presidente do TSE , Alexandre de Moraes de ministro “anti-Bolsonaro”, que usa seus poderes para beneficiar Lula e prejudicar o candidato à reeleição.
“O grau de acirramento [da disputa eleitoral] se reflete nos movimentos recentes da Corte Eleitoral brasileira, composta por sete membros. Liderado por um juiz notoriamente anti-Bolsonaro, Alexandre de Moraes, o TSE conquistou poderes extraordinários e está usando-os para amordaçar os críticos de Lula”, afirma a colunista.
Para a colunista, o candidato à reeleição não representa um risco à democracia brasileira. “Se a democracia brasileira está em risco, não é, como esperneiam os críticos, por causa de Bolsonaro”, concluiu O'Grady.
No artigo, a autora diz TSE agora tem o poder de definir o que é verdadeiro ou falso no debate político, além de suspender contas e perfis de todas as plataformas - que, para O'Grady, ultrapassam as atribuições de um tribunal eleitoral.
Ela citou uma série de decisões da Corte para exemplificar o dito abuso de poder do TSE - entre elas, o impedimento da campanha de Jair Bolsonaro de usar em sua propaganda um vídeo em que o ex-ministro do STF Marco Aurélio Mello diz que Lula “não foi inocentado”.
“A afirmação é verdadeira mesmo que faça Lula se arrepiar", diz a colunista. “O tema mais sensível para o ex-presidente é sua condenação por corrupção em 2017”, continua. “Ela foi anulada em razão de um detalhe técnico em 2021 e ele foi liberado [para concorrer]. Mas quando os brasileiros são lembrados do que o mandou para a prisão, eles se recordam dos enormes escândalos de corrupção que surgiram durante os 14 anos do Partido dos Trabalhadores no poder.”
O artigo cita ainda a decisão que desmonetizou canais bolsonaristas sob a alegação de que eles estariam divulgando fake news e a ordem para que o Brasil Paralelo removesse conteúdos que discutiam a condenação de Lula por conterem “desinformação, deturpando a realidade dos eventos relacionados a corrupção”.
“O tribunal eleitoral quer dispensar as liberdades civis”, finalizou a colunista. “Isso nos faz pensar como será o Brasil se Lula vencer”.