O jatinho que levou Lula de São Paulo a Brasília na noite deste domingo pertence a um empresário de Manaus conhecido por envolvimento em histórias pouco ortodoxas envolvendo políticos.
O Citation XLS de prefixo PP-IVA pertence à empresa Millenium Locadora, com sede no bairro manauara de Adrianopólis. O registro da firma na Receita Federal abarca nada menos que 48 atividades.
A lista vai desde obras de terraplanagem e transporte escolar até perfuração de poços e aluguel de andaimes — sim, há também táxi aéreo.
Os sócios da Millenium são o empresário Ivair Ferreira e a mãe dele, Francisca Rabelo Ferreira. Uma outra empresa de Ivair, a Mill Taxi Aéreo, aparece na Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, como operadora da aeronave.
Ivair é figura conhecida do noticiário amazonense. Empresas de sua propriedade, incluindo a própria Millenium, já figuraram em apurações do Tribunal de Contas local sobre direcionamento de licitações para aluguel de veículos e em outras confusões envolvendo, por exemplo, o grupo político do ex-governador Amazonino Mendes.
O empresário costuma ser generoso com os poderosos com quem se relaciona ou já se relacionou. O próprio Amazonino já esteve entre os usuários de seu jatinho particular.
Outro político que costuma voar no Citation usado por Lula é o governador Wilson Lima.
Na viagem a Brasília a bordo da aeronave, Lula estava acompanhado da futura primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e do ex-ministro Fernando Haddad.
A Mill Táxi Aéreo consta da prestação de contas da campanha presidencial petista como destinatária de pagamentos que somam R$ 2,6 milhões.
“Sem comentários”
A coluna procurou Ivair Ferreira e a assessoria do presidente eleito para saber mais sobre o voo deste domingo. O staff de Lula respondeu que não irá comentar. Já Ferreira afirmou que sua empresa trabalha com serviço de táxi aéreo e que não pode dar informações sobre clientes. “Asseguro que não fazemos cortesia de voos”, disse ainda.
Na viagem recente que fez ao Egito para participar da COP27, Lula usou um jatinho de propriedade de José Seripieri Junior, um empresário com múltiplos interesses no universo do poder que, em acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público, confessou ter praticado o crime de caixa dois em um caso envolvendo o tucano José Serra.