15/12/2022 às 07h31min - Atualizada em 15/12/2022 às 07h31min

Lira negocia 150 votos na PEC por comando do Ministério da Saúde

Além de emperrar a tramitação da PEC, a troca supostamente proposta por Lira travou o anúncio de Lula sobre a colocação de Nísia Trindade Lima, presidente da FioCruz, no Ministério da Saúde

Fernanda Strickland - Raphael Felice
​Correio Braziliense
(crédito: Reprodução/Câmara dos Deputados)

Além da votação no Supremo Tribunal Federal (STF), a tramitação da Proposta de Emenda da Constituição (PEC) da Transição pode ter pela frente mais um problema. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), estaria oferecendo 150 votos a favor do texto em troca do comando do Ministério da Saúde para seu grupo político. A informação é do colunista Tales Faria, do site UOL, e foi confirmada pelo Correio.

Além de emperrar a tramitação da PEC, a troca supostamente proposta por Lira ainda travou o anúncio que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva faria sobre a colocação de Nísia Trindade Lima, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Ministério da Saúde do futuro governo. O grupo que pretende ter o comando de uma das pastas com maior orçamento na Esplanada dos Ministérios está sendo chamado de "consórcio de deputados" — e é formado integrantes de PP, União Brasil, PSDB, Cidadania e outras legendas que gravitam em torno do Centrão. Os 150 votos dos deputados oferecidos por Lira seriam suficientes para aprovar a PEC.

Um deputado do Republicanos confirmou o toma lá dá cá. "Soube quando estavam montando esse blocão, daqueles que o Lira tinha certeza porventura poderiam votar com ele. Isso de fato aconteceu na Câmara. Que o PP sempre fica com o Ministério da Saúde e enxergou nessa negociação a oportunidade de, mais uma vez, ficar com a pasta, não posso afirmar. Essa deve ter sido uma conversa de pé de orelha entre Lira e Lula certamente", disse o parlamentar, sob a condição de anonimato.

A eventual decisão do STF de considerar o orçamento secreto inconstitucional — já está 1 x 0 para torná-lo ilegal com o voto da ministra Rosa Weber — poderia diminuir a influência de Lira. Mas, segundo um parlamentar do PP, a PEC da Transição acabará sendo pautada, pois a possível derrota do texto seria cobrada pelo Palácio do Planalto no momento em que o atual presidente da Câmara for disputar a recondução ao cargo.

Sobre a possibilidade de o futuro governo ceder à proposta de Lira, de reunir 150 votos para aprovação da PEC em troca do Ministério da Saúde, este mesmo deputado do PP acredita que o presidente da Câmara indicaria um parlamentar do partido para o comando da pasta — hipótese que vários petistas não querem sequer levar em consideração.


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